Em busca da liberdade sobre duas rodas

Publicada em 11/04/2013 às 08:30

Eles são publicitários, médicos, engenheiros, construtores, mecânicos e muito mais. Costumam se reunir ao menos uma vez por mês à frente do Paço Municipal. É fácil identificá-los. Vão chegando por volta das 19h30, geralmente às terças-feiras, e logo formam uma pequena e animada aglomeração que pode chegar a 50 pessoas.

Os ciclistas em frente ao Paço Municipal: prontos para a pedalada

Não demora muito e todos passam a assumir uma mesma identidade, igualmente vestidos e paramentados. Os “ciclistas do Paço” acertam os últimos detalhes, ajeitam os capacetes e acendem o farol das bikes; não demoram e saem pedalando pela avenida da Liberdade, nome dos mais adequados ao objetivo dessa turma.

“Todos gostamos de um pouco de aventura, da sensação do vento no rosto. Aliamos isso à busca pela saúde, pela qualidade de vida”, explica o construtor Cristiano Saltorato, 30 anos.

O jundiaiense, há um ano, tinha pressão alta e estava acima do peso, com 94 quilos. Hoje, 21 quilos mais magro, deixou o sedentarismo para trás e se entusiasma quando diz que tudo mudou. “Até meu trabalho passou a render mais.” No próximo fim de semana, Cristiano será um dos 400 jundiaienses que representará a cidade no GP Ravelli, Circuito Caloi, em Cabreúva. Estima-se que Jundiaí já tenha mais de 2 mil ciclistas.

Ao seu lado, estava o empresário Ricardo Bonanome, 49 anos. Quando criança, Ricardo não saía da bicicleta. Há um ano e meio retomou o gosto de infância, em busca de um esporte que fosse coletivo. “É uma grande socialização entre as pessoas, além de acabar com o estresse”, recomenda. Pouco depois, chega Vivian Amado, 52 anos, que se equilibra para conciliar a vida atribulada de corretora de imóveis, mãe de dois filhos e ciclista nas horas vagas. “O esporte é meu equilíbrio para todo o resto.” O mais antigo dessa turma é Antônio Luiz de Andrade Júnior, 34 anos, 14 deles dedicados ao pedal. Ele já atuou por 4 anos como semi-profissional, chegando em 4º lugar no Big Bikers Super Edition, após encarar 120 quilômetros em São Luiz do Paraitinga. “Antes de a cidade ser inundada”, alerta.

Em Jundiaí, estima-se que mais de 2 mil pessoas pratiquem o esporte

Um pedal para 30
Na noite da última terça-feira (9), o tempo colaborou com um grupo de 30 deles; foi traçado o itinerário Paço Municipal-Parque do Corrupira-Paço Municipal.

Um pedal (como chamam) de 27 quilômetros e duas horas. Um desafio que não é dos mais difíceis, já que costumam seguir até a trilha da Biquinha, em Louveira. Nesse caso, são quase 50 quilômetros em três horas de ladeiras, curvas, obstáculos e muito suor.

Os roteiros são organizados e definidos por uma página no Facebook, que já tem quase 2 mil seguidores. “Sempre há sugestões de roteiro que incluem uma passada próxima à prefeitura”, conta Edson de Assis, 47 anos, proprietário de uma loja especializada no assunto. Vale lembrar que a Prefeitura de Jundiaí já tem estudos para criação de um plano cicloviário para a cidade.

Havia chuva no meio do caminho
O pedal não está livre de encontrar algumas intempéries. O humor de São Pedro – ou a falta dele – fez com que chovesse em Jundiaí durante quatro terças-feiras consecutivas, naufragando, por todas elas, o encontro dos ciclistas. Toda terça era a mesma história; um céu mal-humorado acompanhado de uma insistente garoa, que acabava por inviabilizar a empreitada.

Começando a pedalar
Para quem se interessou, vão algumas dicas do Edson: o kit básico para que qualquer um possa começar com segurança é composto de três itens: uma bicicleta de trilha, um capacete e um pouco de condicionamento físico. Mas não fica nisso.

Pedal teve duas horas e aproximadamente 27 quilômetros

“Capacete é fundamental, mas também indicamos o uso de luvas e óculos. É recomendado o uso de roupas adequadas (fluorescentes) assim como o uso de farol para os passeios noturnos”, explica.

E há mais acessórios que deixam a pedalada ainda mais completa: mochila de hidratação, bolsa de selim, GPS, velocímetro, kit de remendo/ferramenta e por aí vai.

“Para quem vai começar, é importante participar dos passeios e, se possível, fazer mais pedaladas durante a semana para pegar ritmo. Algumas melhorias na bicicleta ajudam a ter um rendimento melhor, assim como aquisição de alguns acessórios. Saber respeitar o próprio limite é fundamental para poder progredir”, recomenda Edson.

Quanto custa
Bicicleta de Trilha: A partir de R$ 1 mil
Capacete: A partir de R$ 79,00
Farol: R$ 85,00
Vestuário: Conjunto (Camisa + bermuda) a partir de R$135,00
Acessórios diversos a partir de R$15,00 (Kit de remendo/reparo)

Por Thiago Secco
Fotos: Divulgação


Link original: https://jundiai.sp.gov.br/noticias/2013/04/11/em-busca-da-liberdade-sobre-duas-rodas/
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