Histórias de quem não vive mais sem a literatura
Publicada em 30/08/2013 às 18:07O jovem Pedro Campos Francisco, 18 anos, estava precisamente às 14h de quarta-feira (28) no auditório Prof. Maria Albertina Bellini Peterson Leite, no anexo superior do centenário prédio do Centro Jundiaiense de Cultura Jorosil. Vindo de Várzea Paulista, o auxiliar administrativo encarou quase meia hora de ônibus para acompanhar a terceira aula do curso “História da Literatura: origens, saberes e destinos”, ministrado pela escritora e mestre em letras, Sônia Cintra. E garante: “Está valendo a pena.”
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Sentado ao fundo da classe, Pedro só desviava o olhar atento de Sônia para fazer as anotações no caderno sobre o colo.
Naquele mesmo momento, o grupo de 25 pessoas tinha a oportunidade de conhecer mais sobre a literatura persa, por meio das histórias contidas no livro das Mil e uma Noites. Sônia explicava que graças à cultura e repertório, a bela Xerazade conseguiu se livrar da morte certa ao entreter o sultão Xariar com suas histórias, que sempre eram interrompidas pouco antes do clímax, gerando a curiosidade no soberano homem.
“É muito bom tudo isso. Eu enriqueço meu conhecimento e ainda vai me ajudar no vestibular, já que a literatura é de uma abrangência cultural muito grande”, acredita o aluno, que, desde que começou o curso, já vem arriscando alguns textos autorais. “Gosto de fazer dissertações sobre as coisas atuais que me chamam a atenção.”
Ativa
Dona Terezinha Marlene Ligere compartilhava da opinião de Pedro. Sentada do outro lado da sala, mais à frente, a moradora da rua 15 de novembro, no Centro, esbanja vitalidade e bom humor. “Você não vai divulgar minha idade, né?” pede em tom de sorriso. “Soube das aulas pelo jornal e me interessei na hora.”
Aposentada há 21 anos, Terezinha acredita que, por meio dos cursos, consegue se manter ativa e atualizada. “Também faço informática e inglês pelo Centro de Estudos e Lazer da Melhor Idade (Celmi) e, agora, o curso de História da Literatura”, conta. E tudo sem pagar nada.
Até agora, ela vem se mostrando uma aluna exemplar: não faltou em nenhuma aula e aposta na caminhada para não perder a hora. “Gosto de ficar por dentro de todo o conteúdo. A didática da professora Sônia é ótima”, revela.
A professora Sônia Cintra diz que todo o conteúdo do curso já estava pronto há algum tempo, mas que só agora, com o apoio da Secretaria de Cultura, conseguiu viabilizar o antigo sonho. “A procura pelo curso foi maravilhosa, já temos muita gente na fila de espera. A ideia é flexibilizar os horários, para manhã e noite, e atender ainda mais pessoas”, espera a professora.
As aulas, que seguem até novembro, não devem ficar restritas ao auditório. Estão sendo marcadas visitas monitoradas a várias bibliotecas, como Professor Nelson Foot (Jundiaí), Brasiliana e Florestan Fernandes (USP) e Mário de Andrade (as três últimas em São Paulo).Até lá, Pedro, dona Terezinha e o restante da turma terão adquirido uma significativa base sobre a literatura oriental até o humanismo de Gil Vicente.
O Centro de Cultura Jorosil fica na rua Barão de Jundiaí, 109, Centro. Info (11) 4586-2326.
Por Thiago Secco
Foto: Alessandro Rosman
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