CARNAVAL: Encontro inédito de baterias dá o tom da folia
Publicada em 14/02/2014 às 17:54Pela primeira vez na história do carnaval de Jundiaí, a bateria da Arco-Íris esteve em alto e bom som na quadra da União da Vila Rio Branco. O encontro, tido como improvável até pouco tempo atrás, ocorreu na noite de quinta-feira (13), na sede da União, sob o viaduto General Euclides Figueiredo, na Vila Rio Branco.
A iniciativa partiu da Liesj (Liga Independente das Escolas de Samba de Jundiaí), sob a justificativa de fortalecer a unidade e afinar o discurso entre as agremiações da liga independente. Na ocasião, ainda foi divulgado o pré-lançamento de um CD contendo os sambas enredo de 2014 das três escolas que compõem a Liesj (União da Vila, Arco Íris e Marujos da Zona Sul).
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Para o presidente da Liesj, Antonio Carlos de Souza, o encontro é histórico e, da maneira como ocorreu, inédito. “As duas baterias tocando juntas é um primeiro passo no sentido da unidade que queremos construir.”
Há 8 anos à frente da presidência da União da Vila, Irismar dos Santos Pereira, 40 anos, vê com bons olhos o encontro. “Eu tive algumas conversas com o Claudinei (presidente da Arco-Íris) e até já estivemos em algumas ocasiões na quadra deles, com a nossa bateria. A rivalidade ficou na avenida. Nos bastidores rola até churrasco entre a gente e uma boa amizade”, conta, logo após ceder uma entrevista a uma emissora de tevê.
No segundo ano como presidente da Arco-Íris, Claudinei Cecatti, 44 anos, conta que a rivalidade com a União da Vila era muito grande, mas “aprendemos que a nossa briga é em conquistar o jurado e o público no dia do desfile”. Perguntado, em tom de brincadeira, se as nuvens carregadas que se formavam naquele instante tinham algo a ver com o encontro, Claudinei não pensou duas vezes: “A chuva é pra selar a paz, pra lavar a alma”, disse, enquanto emprestava sua própria camiseta da escola para um ritmista mais esquecido.
Como foi
Chamado de “Super Ensaio Turbinado”, o evento reuniu aproximadamente 300 pessoas debaixo do viaduto da Vila Rio Branco, com as baterias “Ritmo na Veia – 100% raiz e tradição”, sob o comando de mestre Zé Prego pela União da Vila e “Batucada dos Bambas”, liderada pelo mestre Renan.
Enquanto a Batucada dos Bambas se concentrava na Praça José Pedro Raymundo, a poucos metros do viaduto, a bateria Ritmo na Veia já esquentava a quadra e animava quem ia chegando. Depois, pontualmente às 21h10, os ritmistas da Arco-Íris desceram pela rua Hélio Antonio Lucena em direção à quadra da União. Como numa procissão, andavam lenta e silenciosamente, interrompendo, por poucos instantes, o trânsito da via.
Em poucos minutos, o aparente silêncio deu vazão a uma onda sonora que, na ausência da chuva, foi capaz de serenar o calor dos ânimos de um passado que se mostra remoto. As baterias, então, numa coreografia que parecia ensaiada há muito, revezavam-se e pareciam estabelecer um fino diálogo rítmico, coroado pelas bênçãos de São Jorge, imagem que destaca-se na entrada.
Thiago Secco
Fotos: Alessandro Rosman
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