Brasil Alfabetizado reúne histórias e objetivos comuns
Publicada em 03/07/2014 às 12:42As dificuldades em falar a língua portuguesa para quem tem fluência no francês ou no inglês não são empecilhos para que o haitiano Gabriel Saint-Fleur desista. Há um mês trabalhando e morando em Jundiaí, o estrangeiro é uma das mais de 400 pessoas que participam do programa Brasil Alfabetizado no município e que lidam diariamente com os desafios de aprender a ler e a escrever.
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Gabriel e outros alunos do programa participaram, na noite dessa quarta-feira (2), de um encontro promovido pela Secretaria de Educação, no auditório da Universidade Paulista (Unip). O objetivo foi promover uma oportunidade de os alunos se conhecerem e perceberem que não estão sozinhos nessa luta de voltar ou ter o primeiro contato com os métodos escolares. O evento contou com a presença do prefeito Pedro Bigardi, do presidente da Câmara de Vereadores, Gerson Sartori, e do ouvidor da cidade, Eginaldo Honório.
“Eu desejo que vocês nunca deixem de querer aprender”, disse o prefeito aos presentes, ao lembrar que estudar também é uma forma de se relacionar com outras pessoas e de criar vínculos de amizades.
O haitiano pretende voltar para o seu país, mas por enquanto já consegue falar algumas palavras da língua portuguesa. “Os alunos valorizam o nosso trabalho e isso nos fortalece para continuarmos essa jornada”, afirma o professor Antonio Cândido, que dá aula para Gabriel e para outros alunos no Jardim Tamoio.
Para o vice-prefeito e secretário de Educação, Durval Orlato, a pasta tem a preocupação e a obrigação de cuidar desde as crianças até os adultos. “Não podemos esquecer dessas pessoas que, por algum motivo, não puderam estudar”, disse. E ressaltou a importância de não pararem os estudos. “Vocês já desistiram uma vez e não podem fazer isso de novo.”
Futuro
Há quatro anos morando em Jundiaí, o maranhense Kleiton Soares das Graças até frequentou a escola, mas parou ainda na adolescência. “Eu tenho o sonho de me formar em advocacia e para isso eu sei que é preciso estudar, só assim a gente consegue crescer na vida, por isso participo do programa”, contou.
O programa, que é do Governo Federal, teve a adesão de Jundiaí no ano passado e em março deste ano a Secretaria de Educação deu início às aulas. “São 25 núcleos com aulas ministradas em igrejas, centro comunitários, Cras, entre outros locais. O importante é que estamos na batalha para reduzir o número de analfabetos”, afirmou José Ronaldo Pereira, diretor da Educação de Jovens e Adultos.
Segundo ele, Jundiaí tem mais de 9 mil analfabetos, de acordo com dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A meta do município é ter 5 mil pessoas alfabetizadas pelo programa em quatro anos.
“O encontro é uma forma de os alunos se socializarem, é um momento de perceberem que não estão sozinhos e o principal, que percam o medo da sala de aula”, afirma José Ronaldo. O evento contou com uma apresentação cultural de Eufraudisio Modesto Filho, diretor de Cultura e com a palestra de Renato Polli com o tema “Educação Popular e Cuidado com as Pessoas”.
Kadija Rodrigues
Fotos: Dorival Pinheiro Filho
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