Made in Brazil é atração no Encontro Nacional de Motociclistas
Publicada em 15/07/2014 às 13:02Quando lançou seu primeiro disco há 40 anos, o lendário Made in Brazil não imaginava que fosse durar por tanto tempo. Certamente uma das mais icônicas e respeitadas bandas do rock nacional ainda em atividade, os paulistanos da Pompeia influenciaram diretamente toda uma geração. Do Barão Vermelho aos Titãs, não há sequer uma banda formada no País após 1974 que não tenha bebido e tragado na fonte inesgotável do Made.
Com seus quase 50 anos de estrada no currículo, a trupe capitaneada pelos irmãos Celso e Oswaldo Vecchione será um dos pontos altos do Encontro Nacional de Motociclistas, evento que promete chacoalhar o Parque Comendador Antônio Carbonari, o Parque da Uva, no fim de semana dos dias 25, 26 e 27 de julho.
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Um papo com Oswaldo, baixista, vocalista e um dos fundadores da banda, revelou números impressionantes da lenda. “Já passaram pelo Made mais de 110 músicos em 289 formações diferentes. Isso nos rendeu até uma citação no Guinness Book”, contabiliza Vecchione. Quando perguntado se continua levando a banda por teimosia ou amor ao rock, a resposta vem na lata: “Pelos dois. É o que a gente sabe fazer e tem sido um privilégio viver apenas de música por todos esses anos.”
De fato, a banda nunca enfrentou um período de inatividade, nunca ficou sem tocar sequer por dois meses. “O fim dos anos 70 foi muito difícil para o rock de modo geral, por conta da disco music. Os lugares preferiam contratar um cara pra ficar discotecando e muita banda quebrou nessa época. Mesmo assim, lançamos o disco ‘Minha Vida é o Rock´n´Roll’, e a música, de mesmo nome, foi nosso maior sucesso, sendo regravada por 16 bandas até hoje. É uma celebração e fechamos nosso show com ela”, lembra.
Por falar em show, o público pode se preparar. Oswaldo garante quase duas horas de rock “de verdade”, garra e compromisso com o rock clássico e o blues. “Quando estamos no palco queremos sempre fazer um show com a mesma energia dos anos 70, com sons fortes e dançantes”, anuncia.
E não fica nisso. Saindo do forno do Made estão duas biografias, um documentário com a história da banda, o relançamento de luxo em vinil do clássico “Massacre”, proibido em 1977 pela censura, e uma provável turnê comemorativa do lendário disco da banana. Como diz a letra da canção “os bons tempos voltaram, os bons tempos voltarão”.
Os 40 anos de uma lenda
Ao colocar no mercado seu primeiro registro em vinil, no ano de 1974, o Made in Brazil disputava a luz dos refletores com nomes consagrados como Secos e Molhados, O Terço, Casa das Máquinas, Joelho de Porco, Som Nosso de Cada Dia, Mutantes e uma infinidade de outros, que contribuíram com generosas doses para a consolidação do cenário roqueiro tupiniquim como um dos melhores, mais vibrantes e aguerridos do mundo.
O disco em questão, que levava apenas o nome da banda, alusão clara ao produto tipo exportação, ficou mais conhecido como o “disco da banana”, referência sarcástica à marchinha “Yes, nós temos bananas”, composição de Braguinha imortalizada por uma já exótica e americanizada Carmen Miranda nos anos de 1940.
O abalo causado pelo lançamento do “disco da banana” catapultou o Made ao panteão dos grandes nomes do estilo no País. Com um som absolutamente sujo, alto e despretensioso – inspirado em Rolling Stones e no rock dos anos de 1950 – a banda emplacou sons como “Anjo da Guarda”, “Aquarela do Brasil” e “Tudo Bem, Tudo Bom”, que se transformaram em clássicos instantâneos e obrigatórios para entender melhor o fenômeno do rock nacional dos anos 70.
No fim do lado B da bolacha, a emblemática e apoteótica “Uma Longa Caminhada” desfere o último golpe, implacável, deixando atônitos os que ainda insistiam enxergar no rock nacional um artigo de segunda linha.
Com um lirismo simples e pegajoso que retratava o cotidiano do rock paulistano, cada estrofe e refrão receberam ainda um poderoso verniz despudorado da voz rasgada do lendário vocalista Cornélius, que deixaria a trupe na sequência para voltar e sair por uma dezena de vezes nos anos seguintes. Tivesse nascido em qualquer esquina da Inglaterra, Cornélius provavelmente receberia honrarias de chefe de Estado em seu funeral. No Brasil, passou despercebido.
Exatos 40 anos depois, a banda soma incontáveis sucessos, altos e baixos e muita, muita história para contar. De certo, o Made sempre esteve vivo, graças à perseverança do clã Vecchione, desafiando a lógica e perdurando por entre um sem número de tendências musicais com sua arma mais letal: o Rock´n´Roll.
O evento
O Encontro Nacional de Motociclistas será realizado de 25 a 27 de julho, no Parque da Uva, em Jundiaí. O evento começa às 18h na sexta-feira (25), e às 10h no sábado e domingo (26 e 27). Não haverá cobrança de ingresso, mas as pessoas devem levar 1 quilo de alimento não perecível. Todos os mantimentos arrecadados serão encaminhados ao Fundo Social de Solidariedade (Funss) e revertidos às entidades sociais cadastradas.
A realização é da Prefeitura de Jundiaí, por meio das secretarias de Esportes e Lazer, Cultura, Comunicação Social e Agricultura, Abastecimento e Turismo, da Liga Nacional de Bikers e dos motoclubes da cidade e região.
Thiago Secco
Fotos: Divulgação
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