Dia Nacional de Luta: os deficientes têm o que comemorar
Publicada em 19/09/2014 às 14:53A data de 21 de setembro não é mais exclusiva para o Dia da Árvore. Desde 1982 também vem sendo comemorado o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, instituído pelo movimento social à época. E não foi escolhido ao acaso. A razão é a proximidade com a primavera e o Dia da Árvore, numa representação do nascimento de reivindicações de cidadania e participação plena em igualdade de condições.
As estatísticas apontam que 24,5% da população brasileira possuem algum tipo de deficiência. E uma verdade une todas essas pessoas na luta do cotidiano: elas não querem apenas rampa, banheiro adaptado, vaga reservada e piso podotátil. Mais do que nunca, inclusão e acessibilidade estão em pauta.
Em Jundiaí, o grande passo no caminho da inclusão foi a criação de um departamento específico para cuidar da questão. A Coordenadoria da Pessoa com Deficiência foi um dos primeiros atos do prefeito Pedro Bigardi ao iniciar a administração. O objetivo foi o de facilitar o diálogo com as instituições envolvidas ao tema, fazer a busca pelas principais necessidades e contribuir para as políticas públicas.
Com pouco mais de um ano e meio, a coordenadoria, que tem à frente Reinaldo Fernandes, também deficiente físico, desenvolveu diversas ações que mostraram a necessidade da criação do departamento. Lembrada até pelo prefeito em diversas oportunidades como uma surpresa. “Sabia que seria importante, mas não imaginava quanto. E é isso que as ações têm nos mostrado”, diz.
A recomposição do Conselho da Pessoa com Deficiência é um dos pontos positivos do trabalho que vem sendo realizado. A abertura do diálogo com o governo municipal tem sido uma via de mão dupla, pois é patente o interesse mútuo. “Eu costumo dizer que o Conselho funciona como os olhos e os ouvidos da nossa administração, contribuindo muito para elaboração das políticas públicas e das ações que reforçam esse compromisso”, aponta o coordenador.
Para a atual presidente do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência, Cláudia Salles, boas coisas já estão ocorrendo com a criação da Coordenadoria. “Foi criada exatamente da forma como manifestamos nosso desejo ao prefeito Pedro Bigardi, e essa é uma grande conquista”, fala Cláudia.
Reinaldo considera também que tudo tem ocorrido de forma rápida dentro das propostas e metas da Coordenadoria. Já são quase 15 quilômetros de vias e outros espaços públicos (como parques e praças) adaptados para a acessibilidade, sem contar que, de 150, ampliou-se para 203 o número de ônibus com acesso especial para cadeirantes.
Duas ações valem destaque: a capacitação de guardas municipais na linguagem dos sinais (libras) e os esforços para implementação do SETA – Serviço Especial de Transporte Adaptado –, composto por dez veículos do tipo van, adaptados para o transporte adaptado, até os atendimentos de saúde, de cadeirantes e outras pessoas com mobilidade reduzida. Reinaldo explica que o atendimento será feito por agendamento, permitindo que os deficientes não tenham que faltar ao compromisso com o médico ou hospital por questão de transporte.Exemplos de superação
Se por um lado existem as dificuldades, por outro sobram também dedicação e determinação. É o caso de Nilo Novaes Silva, que, de uma cadeira de rodas, forma atletas especiais em basquete.
“O que falta, às vezes, é mais apoio para ações que não dependem de muita articulação. Eu tinha sete alunos e agora estou com apenas quatro, porque muitos não conseguem ter acesso ao local das aulas”, conta Nilo.
Assim como ele, Ana Maria Querino, coordenadora da Fraternidade Cristã de Deficientes, entidade que apoia os deficientes, também defende que o principal entrave das pessoas é não conseguir entender que a luta é por direitos, já que aquilo descrito nas leis nem sempre é cumprido.
No que diz respeito às políticas públicas da administração municipal, Ana considera que está havendo muito avanço. “Conquistamos muita coisa, mas acho que podemos melhorar em outras, como a conscientização nos estabelecimentos comerciais, como os supermercados, que não enxergam o cadeirante como um consumidor e não oferecem nada apropriado para eles”, diz.
O presidente da União dos Deficientes de Jundiaí e Região, Ariosto Francisco Conceição, deficiente visual, também aposta na conscientização como meio de atingir as mudanças necessárias. “Precisa abrir a cabeça daqueles que poderiam nos proporcionar capacitação para o mercado de trabalho”, comenta.
Segundo ele, qualquer deficiente tem condições de se adaptar em muitas atividades e garantir o direito de viver como qualquer outro cidadão.
Sentindo na pele
Paciente de uma doença degenerativa chamada Charcot Marie Tooth, Sérgio Robinson Hoffman previa começar a usar cadeira de rodas daqui a muitos anos. No entanto, por conta de uma queda, acabou quebrando o tornozelo e, imobilizado, tornou-se cadeirante temporariamente.
Pouco menos de um mês se locomovendo com a cadeira de rodas, Sérgio revela que já ‘andou’ o suficiente para entender as dificuldades dos deficientes. “Sei que será esse meu futuro, mas essa experiência me coloca dentro da luta das pessoas que estão há muito tempo, talvez a vida toda, nessa situação.”
Assessoria de Imprensa
Foto: Arquivo
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