Prefeitura estuda conservação do bicho-preguiça na Serra
Publicada em 22/09/2014 às 17:38Depois da instalação da primeira placa que chama a atenção de visitantes da Serra do Japi no ponto de travessia de bichos-preguiça, a Prefeitura de Jundiaí estuda mais alternativas para o trabalho de conservação desses animais, símbolos da importância do ecossistema natural no município. Em visita técnica, integrantes da Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente apontaram a possibilidade de novas ações nesse sentido.
O biólogo Jairo de Cássio Pereira e o veterinário convidado Rafael Ramos (especializado nessa espécie) apontaram como possibilidades a parceria com moradores para o contato de avistamento de exemplares da espécie. “Uma intervenção de baixo custo é marcarmos algumas unhas com sinais de esmalte, por exemplo, para que tenhamos como saber se trata-se do mesmo animal em outra ocasião”, comentou Jairo.
“Queremos aprimorar a política de proteção da nossa fauna e flora silvestre no governo Pedro Bigardi, especialmente em todo o território da Serra do Japi”, afirmou a secretária Daniela da Camara Sutti.
Encontrados somente nas Américas, os bichos-preguiça dividem-se em duas famílias e a espécie encontrada na Serra do Japi é da família Bradypodidae, ou seja, com três dedos (na outra são dois). Entre os mais de 30 mamíferos registrados na área da serra, foram escolhidos como alerta porque são o que se chama de “espécie bandeira” que provoca empatia em boa parte dos seres humanos.
Herbívoro, o bicho-preguiça se alimenta de folhas e brotos de diversas árvores e o nome popular é inspirado pela movimentação lenta.
Um dos aspectos de interesse nesse monitoramento mais simples é saber se a proximidade urbana afeta a camuflagem do animal, feita por uma substância de coloração verde emitida por organismos que convivem na pelagem.
Outro interesse está nos indícios da área de perambulação por comida e reprodução. Um dos sintomas é o surgimento periódico de animais acidentados ao tentar atravessar rodovias nos registros da organização sem fins lucrativos Mata Ciliar, que presta socorro a animais silvestres no município.
A visita dos técnicos foi realizada na última sexta-feira (19).
Novas medidas
Embora tenha responsabilidade direta sobre a área da Reserva Biológica Municipal (Rebio), a Prefeitura de Jundiaí estuda ações para a área tombada, em sua maior parte formada por propriedades particulares, e para as áreas da amortecimento definidas pelas leis municipais nas regiões da Ermida, da Malota e da Terra Nova.
“Podemos até definir futuros pontos de passagem sobre estradas se os estudos apontarem para esse tipo de solução”, comenta o diretor de Meio Ambiente, Flávio Gramolelli Júnior.
Os mamíferos como o bicho-preguiça, os felinos ou os primatas são o grupo menos variado com suas mais de 30 espécies. O número vai aumentando no caso dos peixes, das aves, dos répteis, dos anfíbios e dos insetos (somente borboletas possuem mais de 650 espécies). Entre as plantas e árvores ocorre a mesma coisa. Considerada um “hotspot” de biodiversidade, a Serra do Japi tem quase metade do território em Jundiaí e a outra metade dividida entre Cajamar, Pirapora e, principalmente, Cabreúva.
As principais referências científicas publicadas em livros sobre a vida dessa área são a História Natural da Serra do Japi (1992) e Novos Olhares, Novos Saberes sobre a Serra do Japi (2013), utilizados na Prefeitura ao lado de outros estudos localizados que são constantemente produzidos por pesquisas.
Medidas tomadas para uma espécie, como no caso da preguiça, acabam beneficiando também as demais. Em uma das visitas ao local com aviso para o trecho de travessia desses animais os técnicos avistaram também uma irara, outro mamífero, fazendo também a travessia com mais segurança pela redução de velocidade de veículos.
José Arnaldo de Oliveira
Foto: Divulgação
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