Banco do Povo é oportunidade de apoio e incentivo em tempos de crise
Publicada em 10/05/2016 às 12:14Era dia do pagamento quando Nadja Maria Mussi Borin conversou com a equipe deste site. Uma tarde agitada, com atenção dividida entre contas na calculadora, verificação de holerites e acertos, por telefone, junto ao escritório de contabilidade. “Vocês podem aguardar mais um pouquinho? Hoje está uma correria”, pediu, sempre em tom calmo, baixo e cuidadosamente pronunciado.
Recém-proprietária de uma loja de tecidos finos no Centro, a jauense, chegada com a família por aqui em 2 de fevereiro de 1962, viu no gosto pelas cores e texturas dos panos – herança deixada pelo pai libanês e pela mãe italiana – uma nova oportunidade profissional a trilhar quando viu-se aposentada, após décadas como professora de português e diretora de escola.
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Foram três anos de périplo incansável por um ponto na região central. Por pouco não deixou o sonho para depois, quem sabe. Quando veio a notícia de que alugaria um ponto fixo, faltava um “detalhe”. Aquele empurrãozinho financeiro, tão importante para quem está nos primeiros passos do empreendedorismo.
“Quando abrimos um comércio, o mais difícil é conseguir crédito, porque temos de construir uma confiança como bom pagador. Então, o pagamento da maioria das minhas compras para a loja foi à vista, e eu ainda tinha de comprar boa parte dos tecidos para vender. Foi aí que busquei pelo Banco do Povo”, lembra Nadja, que ficou surpresa com o atendimento e a agilidade com que conseguiu um empréstimo de R$ 5 mil para pagamento em 18 vezes com uma taxa de juros de 0,35% ao mês. “É coisa que não existe!”
Nesse momento, o marido Sérgio José Borin chega à loja e entra no papo. Ele conta que fica um tempo no comércio e outro tempo em casa onde faz conversões das antigas fitas VHS para DVD, e assim ajuda no orçamento. “Estamos muito felizes. Levantamos a documentação que nos foi pedida, conseguimos um avalista e, muito rapidamente, tínhamos esse crédito para darmos o primeiro passo”, contou.
Inaugurada em 1º de fevereiro, a loja já tem dois funcionários fixos e um terceiro em final de experiência. A promessa é contratá-lo. “Nosso faturamento, graças a Deus, dobrou nesse tempo. A ajuda do Banco do Povo foi algo grandioso em nossas vidas. Foi muito recompensador os anos de procura”, disse Nadja.
Saída à crise
O empreendedorismo se consolida como uma valiosa saída à crise econômica. Os números atestam a tese. Somente no Estado de São Paulo, segundo a Subsecretaria Estadual de Empreendedorismo e da Micro e Pequena Empresa, são aproximadamente 1,5 milhão de micro, pequenos e médios empreendedores. “Os números vêm crescendo”, garante o subsecretário estadual Roberto Sekiya.
Nas contas de Roberto, já são mais de R$ 39 milhões de crédito cedido nos três primeiros meses de 2016. A expectativa é que, no fim do ano, o montante venha a ultrapassar os R$ 174 milhões emprestados em 2015.
Esse aporte ao pequeno empreendedor revela-se um importante incentivo a uma categoria (Micro e Pequenas Empresas) que responde por 27% do PIB do Estado, 37% da folha de pagamento e quase 50% dos empregos gerados, segundo índices fornecidos pela Subsecretaria. Apenas no setor de comércio, como no caso de Nadja, são 856 mil MPEs distribuídas em todo Estado. No Brasil são quase 8 milhões de mulheres donas dos próprios negócios.
Em Jundiaí
A agente de crédito do Banco do Povo, Ana Adélia Aparecida Dias, dá o passo-a-passo para a conquista do crédito. “Há uma explicação detalhada de como funciona o empréstimo para os interessados, que levam uma relação com a documentação solicitada. Essa pessoa precisa de um avalista e não ter restrição no nome (SPC ou Serasa). De todos os atendimentos realizados, 5% concretizam-se em linhas de crédito. Queremos aumentar esse percentual.”
Segundo Ana, no primeiro trimestre de 2015 foram R$ 111.586,00 emprestados. Em 2016, no mesmo período, foram verificados mais de R$ 157 mil por meio de 29 contratos assinados.
Thiago Secco
Fotos: Dorival Pinheiro Filho
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