Rede Pop Rua: gestão compartilhada da República estimula o processo de saída das ruas
Publicada em 16/02/2022 às 10:33Na “Rede Pop Rua”, rede voltada para o atendimento da população em situação de rua, a República é o serviço de acolhimento institucional voltado aos usuários em fase final de reinserção social.
Em vista da retomada da autonomia e do protagonismo de vida, a gestão do serviço é compartilhada com os usuários, que devem já estar empregados e dispor de renda para o custeio parcial de seu acolhimento.
Em Jundiaí, o serviço funciona em imóvel em área residencial e é oferecido pela Unidade de Gestão de Assistência e Desenvolvimento Social (UGADS) da Prefeitura através de parceria com a Organização da Sociedade Civil (OSC) Casa Santa Marta para até dez vagas mensais.
“Quando a pessoa em situação de rua chega ao Centro Pop, que é o serviço de entrada da rede, nosso objetivo principal é trabalhar no seu plano individual de saída das ruas. Por isso divulgamos a campanha ‘Menos Esmola Mais Dignidade’, para alertar a população e as entidades filantrópicas sobre a importância de inclusão dessas pessoas nos serviços, para que sejam escutas e atendidas em suas demandas. Se elas tiverem vínculo com o Município e sinalizarem propósito de mudança de vida, seguem para a Casa de Passagem, Abrigos e, ao final, também pela República, e têm a oportunidade de retomar seu protagonismo de vida e restabelecimento de vínculos sociais e familiares”, explica a gestora da UGADS, Maria Brant.
Segundo psicóloga Iracilda Souza, coordenadora do serviço pela OSC, modelo traz gestão compartilhada, inclusive de custos. “Todas as regras de convivência são construídas de forma coletiva e partem deles. As únicas regras que vêm da rede são a obrigatoriedade de estar trabalhando, contribuir com ajuda de custo para o pagamento das contas domésticas e refeições aos finais de semana e reservar mensalmente 30% do salário em conta própria para que disponham de recursos próprios quando saírem do serviço e possam, por exemplo, alugar um imóvel”
E acrescenta “O convívio baseado na liberdade tem como objetivo a reinserção social. Fazemos o acompanhamento ao longo do dia, mas monitoramento é feito à noite, pois no período noturno só estejam fora da residência quem estiver trabalhando. Isso tudo para que tenham autonomia. São regras deles, por exemplo, qual será a escala de limpeza. Eles mesmos proibiram uso de álcool e drogas no local. E partiram deles também combinados como não sair usando só toalha dos banheiros, ficar sem camisa, trazer visitas ou namoradas, bem como namorar nas redondezas, para que tenham boa convivência com os vizinhos”.
André Yunes, de 45 anos, é um dos acolhidos neste momento e está no serviço há cinco meses. Tendo ficado em situação de rua por oito meses, André entrou para a rede durante as abordagens da Operação Noites Frias e já passou pela Casa de Passagem e Abrigo. Atualmente trabalha como operador de loja em um supermercado. “Quando estive na rua não gostava de pedir esmola. Eu me sentia humilhado e me cansei da situação. Digo que é sempre bom buscar a mudança, mas é necessário ter vontade. Aqui na república estou conseguindo restabelecer minha vida. Já consigo pagar pensão para minha filha e tirei minha carteira de motorista. A república me trouxe conforto, alívio e paz”.
Outro abrigado, Dario Paes chegou a Jundiaí há dois anos, vindo de Minas Gerais. Aqui também acessou a rede através da Operação Noites Frias e passou pelos demais serviços antes de chegar à república. “Fui para as ruas por problemas familiares. Mas eu não pedia esmolas, pois eu estava nas ruas, mas não me joguei nelas. Não tem nada melhor do que poder trabalhar e estar integrado à sociedade. A rede abraçou as minhas causas e me ajudou a colocar as coisas no lugar. Nada é impossível para quem quer melhorar”, explica Dario, que atualmente trabalha como agente de bordo em terminais urbanos.
Iracilda também explica que desde 2015, quando o serviço foi implantado pelo Município, foram cerca de 130 as pessoas acolhidas. “Neste período, 73 delas foram reinseridos na sociedade e 24 reinseridas em seus núcleos familiares, e que seguem com acompanhamento pós-república. Fora os que ainda se encontram no serviço, os usuários que não aderiram ao projeto foram a minoria”.
O período de permanência na República é de até dois anos, mas o prazo pode ser prorrogado, conforme avaliação de equipe técnica intersetorial.
Assessoria de Imprensa
Fotos: Fotógrafos PMJ
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