2º Encontro KAVOD leva reflexão sobre perda gestacional ao Expressa
Publicada em 15/10/2023 às 12:28O Espaço Expressa recebeu neste domingo (15) o 2º Encontro KAVOD, sobre o Dia Internacional de Sensibilização à Perda Gestacional e Neonatal. A Prefeitura é apoiadora da iniciativa, por meio da Unidade de Gestão de Cultura.
O encontro, voltado aos pais enlutados por seus bebês, profissionais de saúde e sociedade em geral, contou com palestras, apresentações de dança, oficinas, plantio de árvores em homenagem às crianças e inúmeras falas importantes ao longo do dia.
A idealizadora Bruna Spregacini Diez abriu o evento por meio de um vídeo, pois está no México. Ela contou que o KAVOD nasceu por conta da perda do filho Aaron, em 2019. “Meu filho nasceu e deixou um vazio muito grande na família. Ao longo dos anos, percebi que muita gente passa pela mesma dor. No entanto, esse processo de luto é traumático. Em muitos casos, a existência do bebê não é validada. Não há acolhimento. É um luto não reconhecido na sociedade.”
Ela explica que o nome do encontro é uma palavra em hebraico e significa “Honra e Respeito”. “Honrar a vida dos nossos filhos e filhas que partiram precocemente, que não estão aqui, mas continuam nos fazendo caminhar. E respeito às famílias que tiveram as suas perdas”
O gestor de Saúde, Tiago Texera participou e falou da experiência pessoal da perda de univitelinos. “Nossa experiência foi ruim, traumática, faltou expertise da equipe para tratar esse luto”, disse ele, que à época foi atendido pela rede particular de saúde.
Tiago destacou que a rede de saúde pública precisa ser indutora de boas políticas públicas, para que a suplementar copie os bons exemplos. “Humanizar o cuidado é um dos nossos grandes desafios e estamos trabalhando nisso na Cidade das Crianças. Saúde se faz com gente, gente cuidando de gente”, disse, lembrando que 50% das crianças da cidade nascem no Hospital Universitário(HU).
Ele explicou que, atualmente, a mulher que sofre perda gestacional acaba ficando no mesmo ambiente que as mães e bebês recém-nascidos. “Estamos fazendo uma reforma no HU para humanizar a assistência à mãe enlutada, com novos quartos.”
Andressa Apolinário, psicóloga da Unidade de Gestão de Educação, lembrou que a rede faz um trabalho socioemocional com as crianças. “Se uma criança com fome não aprende, uma criança triste também não consegue absorver o conteúdo.Criança com algum sofrimento em casa precisa ser olhada.”
Adriana Uemori, promotora do Comitê das Crianças de Jundiaí, frisou que Jundiaí não é apenas a Cidade das Crianças que pensa em espaços físicos. “Nosso projeto propõe uma mudança de comportamento, com um olhar de empatia para o outro. Por isso, enquanto poder público podemos discutir políticas de acolhimento e superação do luto.”
A também organizadora Juliana Santos, mãe dos anjinhos Sol e Lua Helena, lembrou que o evento tem o propósito de provocar mudanças na sociedade, passando por hospitais, cartórios, funerárias, faculdades e leis. “Protocolos mudam a vida de que passa por perda gestacional.”
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