Lixo que vira arte e ajuda o meio ambiente
Publicada em 03/06/2013 às 17:10Quem diria! Aquele suportezinho de papelão que sustenta o rolo de papel higiênico se transforma em uma bonita peça para decorar a parede da sala. Ou, então, uma imagem de São Francisco é esculpida a partir de uma garrafa pet de refrigerante que foi para o lixo. Pois é isso que fazem os artesãos ecológicos, convidados a participar de uma mostra no Paço Municipal nesta semana, dedicada às comemorações do meio ambiente.
A Mostra Arte Eco teve início nesta segunda-feira (3) e fica até sexta-feira (7). Quem passa pelo paço poderá admirar e até levar para casa as peças – resultado de inspiração e consciência ecológica. São nove artistas que sabem usar a habilidade para transformar aquilo que a maioria vê como lixo em peças que deixam os ambientes mais bonitos.
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Presentear uma pessoa com um produto artesanal é sempre interessante. Mais ainda quando o objeto vem acompanhado de uma história sobre a origem. Tem até caixinha de presentes feita com coador de café usado. A autora da façanha é a jornalista Virgínia Clemente, que há 30 anos resolveu dedicar-se à produção artesanal a partir de materiais recicláveis. “Aprendi desde cedo a reaproveitar muitas coisas em casa, para economizar. Mais tarde, descobri como transformar essa habilidade em arte e o resultado foi maravilhoso”, conta.
A mostra traz artesãos como Flávio Leone, que reaproveita restos de madeira para produzir peças como chaveiros, oratórios, adornos de parede, entre outros. Coisas que, como ele diz, aprendeu com o avô, também artesão. “Ele fazia artesanato na época de Cia. Paulista de Estradas de Ferro e muito do que sei aprendi com ele.”
E a oportunidade que recebeu da Prefeitura de Jundiaí, Leone vê como um dos maiores incentivos recebidos até hoje. “Não é só o espaço que está sendo oferecido, mas a oportunidade de sermos vistos”, diz ele, que, além de artesão, também trabalha com jardinagem.
EsculturasPara Nei Nanzi, outro expositor, bastam uma tesoura e um soldador para desenvolver o trabalho com garrafas pet – as quais, em poucas horas, se transformam em verdadeiras esculturas. A não ser pela informação sobre a origem do material, dificilmente alguém arriscaria um palpite sobre a matéria-prima das peças, que chamam a atenção pela riqueza de detalhes e criatividade do autor.
Nei Nanzi já é conhecido pela decoração do Paço Municipal, em 2009, quando utilizou 3 mil garrafas para preparar a Prefeitura para receber o Natal. Uma característica que expressa a preocupação de Nei com o meio ambiente é que ele só recolhe das ruas as embalagens que não estejam corretamente dispostas à espera da coleta seletiva. Essas, diz ele, têm garantia de que chegarão ao destino correto.
Já a professora de Educação Física Márcia Aparecida da Silva mostra que uma latinha de molho de tomate contribui muito mais que na cozinha. As embalagens se transformam em porta-objetos, tão bonitos quanto os anjos feitos com rolos de linha, que ela aproveita do trabalho da mãe, que é costureira.
Quando se fala em dar cara nova a alguns materiais que, aparentemente, não servem para mais nada, é possível encontrar uma prateleira para jogos de chá e café, confeccionada com o reaproveitamento de uma caixa para alho. Um pouco de tinta e muita criatividade garantem a permanência da caixa em algum canto da cozinha. O autor é Pedro Valli Júnior, que também se dá muito bem com tampas de caixas de pizza e embalagens de ovos.
Depois que se aposentou, Tylce Andreotti encontrou uma atividade muito prazerosa para preencher os dias. E aí nasceu a linha de garrafas customizadas, que podem ser de cerveja, molhos de pimenta ou azeite. Todas acabam em belas peças coloridas e, também, cheirosas, com flores artificiais que também são produzidas com material ecológico. Como ela, Rose Barros, estreante em exposições, também sabe dar uma nova vida a materiais que, se não fosse pela criatividade desses artistas, estariam engrossando o volume de lixo doméstico da cidade.
Ideia que deu certo
Para o diretor de Meio Ambiente da Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente, Flávio Gramolelli Júnior, a iniciativa, que partiu da Diretoria de Turismo da Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Turismo, foi muito acertada. Ele acompanhou o primeiro dia da mostra e disse que estava muito feliz com o resultado. “Essa atividade faz parte da programação comemorativa do Mês do Meio Ambiente e mostra as diferentes formas como as pessoas podem participar desse processo de conscientização sobre preservação do meio ambiente”, disse.
Para ele, a mostra cumpre o chamado ‘três erres’: reduzir, reutilizar e reciclar. “Mesmo para quem não tem a criatividade desses nossos artesãos, dá para contribuir, bastando dar a destinação correta a embalagens, como as pets, que precisam ser disponibilizadas para os caminhões da coleta”, acrescentou.
A Mostra Arte Eco fica em exposição até sexta-feira (7), no saguão do Paço Municipal, durante o horário de expediente da Prefeitura, das 8h às 17h. As peças à venda custam entre R$ 5 e R$ 40.
Por Alcir de Oliveira
Fotos: paulo Grégio
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