Pão e Poesia lembra 20 anos de pioneirismo de Jundiaí
Publicada em 16/12/2013 às 18:31O movimento chamado ‘Ação da Cidadania Contra a Fome, a Miséria e pela Vida’, lançado por Herbert de Souza (Betinho), em 1993, ganhou adesões imediatas em Jundiaí com artistas, sindicatos, movimentos sociais, associações de moradores, órgãos governamentais, grupos religiosos, leigos, entidades de classe, dos advogados, agências bancárias, órgãos militares e voluntários. O País acabara de expulsar um presidente por “impeachment” e o clima proativo da sociedade civil estava bastante forte naquele momento.
Betinho, irmão do cartunista Henfil, inspirou na cidade a participação de nomes como o sambista Tomé Zabelê, o publicitário Erazê Martinho, o monsenhor Joaquim Carreira, o sindicalista Antonio Galdino, ou o bancário Henrique Parra Parra, entre outros.Lançado em 21 de julho na Câmara, em agosto o comitê já estava preparando os questionários para o levantamento do “mapa da fome” em Jundiaí elegendo o dia 10 de setembro como o Dia Municipal do Quilo, estimulando as coletas beneficentes que são feitas até hoje em eventos. O lançamento oficial da campanha aconteceu em agosto daquele ano, na Feira da Amizade.
Os espetáculos, infantis e adultos, começaram também a arrecadar alimentos não perecíveis para a campanha, surgida antes de políticas de proteção social implantadas posteriormente por diversos governos no Brasil. As iniciativas como o mapa da fome apontaram para 20 mil pessoas como público-alvo na ocasião e geraram outros fóruns de debates, incluindo representantes do Executivo, do Legislativo e do Judiciário junto aos movimentos envolvidos. Até a proposta de hortas comunitárias tomou forma naqueles debates.
CidadaniaO Festival Pão e Poesia, que congregou artistas da cidade de uma forma inédita e gerou ao longo de poucos anos resultados como disco de músicas selecionadas em festival e livro de redações escolares, surgiu no fim de 1993 como um “Show de Cidadania” para ajudar na arrecadação. Na imprensa, jornalistas como Flávio Gut estimulavam o movimento com frase como “a construção dessa nova sociedade depende mesmo, de verdade, da gente”.
A lista de atrações do segundo festival, em outubro de 1994, é imensa. Foram dois dias no Parque da Uva com teatro e dança no primeiro pavilhão, restaurante e corais no segundo, exposições de artes plásticas no terceiro e ainda uma grande lista de bandas das 11 às 22 horas na concha acústica. E ainda o concurso de redações que envolveu mais de 20 mil estudantes de 46 escolas da cidade, com apoio de empresas históricas como a Livraria Dom Quixote e muito mais. É muita gente que participou e viveu esse movimento que tem seus vinte anos homenageados neste sábado (21) em Jundiaí.
José Arnaldo de Oliveira
Foto: Arquivo
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