O que é que a baiana tem? A União da Vila responde!
Publicada em 21/02/2014 às 16:06“A ala das baianas não vem sendo respeitada como merece, de modo geral. O pessoal se costumou a achar que ela é feita só com pessoas de idade. Não imaginam que são integrantes que já passaram por todos os setores da escola de samba e que o ingresso na ala das baianas é quase um prêmio, um reconhecimento pelo conjunto da obra”, desabafa a cozinheira e baiana da União da Vila Rio Branco, Nilva Maria da Silva, há 25 anos nas fileiras da escola – 9 deles, inclusive, dedicados à ala mais tradicional da festa.
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Neste ano, mais de 20 baianas estarão sob a responsabilidade de Nilva. Linhagem que teve início com a avó, Dona Vitória, uma das primeiras baianas da agremiação. “Aposto na beleza de nossas fantasias e na concepção da ala, que vai falar sobre as cores da escola, de como seria se não existisse o vermelho junto do azul e branco”, destaca Nilva, enquanto aponta para as cores da camiseta tricolor.
Presente na União da Vila desde os primeiros dias, Nilva conheceu o marido, Claudinei, durante os ensaios na quadra – uma harmonia que já dura 10 anos. O filho Gerson, 20 anos, é diretor de bateria. Sua família mistura-se com a genealogia da União. É impossível discernir uma coisa da outra.
Moradora do Vianelo, Nilva garante que perdeu as contas de quantas vezes saiu de casa e atravessou Jundiaí a pé, sentido Vila Rio Branco. “Hoje a coisa melhorou, conseguimos comprar um carro e ficou bem mais fácil”, se alegra a jundiaiense de 46 anos, que deu início à história no Carnaval como cabrocha na extinta escola do Vianelo, passando pela Jovem Banda da Vila Arens até saber do nascimento da União da Vila Rio Branco.
Além de coordenar as baianas, Nilva não se faz de rogada em colocar os dotes culinários à disposição de toda comunidade. Foram incontáveis almoços com o gosto de seu tempero e, a poucos dias do desfile, todos os ensaios sob o viaduto General Euclides Figueiredo ficam ainda mais atraentes com os famosos pasteizinhos. “Isso é a minha vida.”
Professor do Carnaval
O professor de arte Laércio Mojola tem passado mais tempo na quadra da União da Vila do que na sala de aula ou na própria casa. No dia da entrevista, ele confessou estar acordado há mais de 24 horas, diante da gama de atribuições por lá: diretor financeiro, carnavalesco e mestre-sala, dentre outras atuações.
Há 14 anos na União da Vila, Laércio escreve sua história, principalmente, como mestre-sala, posição que ocupa pelo mesmo período. “São 14 anos nessa função pela União, 11 notas máximas e 9 títulos de melhor mestre-sala da cidade.” Com tamanha responsabilidade, fica mais fácil entender porque Laércio tem perdido o sono.
Sensação de cansaço que evapora durante as 3 horas de ensaios semanais que mantém com a parceira de carnaval, a porta-bandeira Rita, uma união que está prestes a completar 15 anos. “O mestre-sala e a porta-bandeira têm de ter uma inteira harmonia, uma conexão completa, é praticamente um casamento”, brinca, ao lembrar que muitos matrimônios não duram 15 anos. “Tem gente que acredita mesmo que o marido da Rita sou eu”, risos.
A dupla, “a mais enraizada a uma agremiação”, também já emprestou essa afinação a várias escolas de São Paulo, como São Lucas, Peruche e Prova de Fogo. Como trunfo da União da Vila Rio Branco, esse piauiense que adotou Jundiaí aponta a maior atuação da comunidade, que, diz, está em peso nos ensaios.
“Temos uma proposta nova para o carnaval deste ano, várias alas virão coreografadas, o que é uma novidade e ousadia para nossa festa. Nosso samba-enredo também está empolgante e tenho certeza de que as pessoas vão gostar”, promete.
A União da Vila entra na avenida Luiz Latorre na noite de sábado (1), com o samba-enredo “Vermelho é garra, é raça que corre nas veias e na nossa bandeira”.
Thiago Secco
Fotos: Alessandro Rosman
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