Carnaval: Um novo horizonte para a Caprichosos de Jundiaí
Publicada em 28/02/2014 às 18:31No vai e vem agitado que dá vida ao barracão onde as escolas de samba de Jundiaí finalizam os carros alegóricos, Rita de Cássia Moretti surge sorridente por entre materiais inacabados, adereços e grandes imagens de isopor e fibra de vidro. Ela vem “armada” com uma pistola de cola quente, que usa para arrematar lantejoulas em um tipo de asa que irá adornar um dos três carros alegóricos da Caprichosos de Jundiaí – escola que fundou e que preside há 12 anos.
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“É uma declaração de amor ao samba, ao carnaval. É tudo por esse sentimento que nos move”, garante, quando perguntada por que fundou a própria escola, em 2002. “Foram 20 anos de Arco-Íris, onde também fui presidente”, conta. Um dia percebeu que tinha autonomia para um voo solo, que podia colocar em prática a plenitude da criatividade. Não pensou duas vezes e transformou ousadia numa realidade.
Desde então, a comunidade do Novo Horizonte, na zona oeste, ganhou um representante nato na festa jundiaiense. Dos 12 anos de Caprichosos, 2 foram no grupo especial, ocasiões em que a agremiação levou o título do grupo de acesso, driblando dificuldades e fazendo da “falta de uma infraestrutura ideal” a força motriz da vitória.
Vitória que não veio em 2013. “Ficamos em penúltimo lugar do grupo de acesso. A chuva, infelizmente, nos atrapalhou muito. Mas nesse ano estamos vindo para levar a Caprichosos ao grupo especial novamente”, prevê Rita, que, na busca de um resultado melhor, levou toda família no sonho de carnaval: o filho Paulo, 25 anos, é diretor de barracão; a filha caçula, Samara, 12 anos, leva a coroa de rainha de bateria mirim; por fim, o marido Paulo, o Perfil, assume os papeis de compositor e intérprete da escola. Mas as parcerias não ficam só dentro da família.
Parceria
Há um ano, Rita tem na figura do aposentado Pedro Giarola, 64 anos, um parceiro para fazer das ideias uma verdade na avenida. Giarola, que se auto-define como “o último carnavalesco do carnaval artesanal”, mostra que todos os detalhes da confecção dos carros alegóricos são fruto do trabalho manual e da paciência laboriosa. “Aqui fazemos tudo manualmente e usamos muito da reciclagem para inventar, recriar. Comprar algo pronto vai na contramão do processo criativo”, opina.
Com um pouco de papo, a dupla revela algumas das armas da Caprichosos para 2014. “Vamos abranger todos os tipos de manifestação cultural, da arte da culinária à literatura, passando pelo teatro e pela história da nossa civilização ocidental”, conta Giarola. Outros destaques ficam para a Comissão de Frente, formada por membros da Associação dos Aposentados e Pensionistas de Jundiaí e Região e também por um grupo de 40 pacientes do CAD (Centro de Apoio ao Dependente), que vão encorpar a escola no desfile.
“A palavra de ordem é o reconstrutivismo, que é fazer do carnaval uma ferramenta de reabilitação social às pessoas dependentes de álcool ou drogas, reinseri-las no meio com pessoas do não-convívio”, afirma a dupla.
De olho na reabilitação, a Caprichosos de Jundiaí vem com o samba-enredo “Nas Asas da Cultura também sou Sabedoria”. Serão 3 carros-alegóricos, aproximadamente 200 componentes e um desfile pra lá de cultural pela avenida Luiz Latorre na noite de terça-feira (4).
Thiago Secco
Foto: Dorival Pinheiro Filho
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