Aos 90 anos, Petronilia anda por Jundiaí em Mogi
Publicada em 04/04/2014 às 18:11Quem a vê caminhando pelo Jardim Botânico dificilmente acredita, mas a dona daqueles passos curtos e rápidos já soma 90 anos de vida. Pequenina, dona Petronilia Maria de Jesus se agiganta em sua incansável capacidade de celebrar a vida a cada instante. “Eu pratico musculação no Bolão e não perco minha ginástica chinesa (Lian Gong), na Argos”, garante. Mas ela não para por aí.
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Sobra fôlego e disposição para dona Petronilia integrar a delegação jundiaiense que disputa a 18ª edição do Jori (Jogos Regionais do Idoso). Em Mogi Guaçu, cidade sede do evento, ela será a mais antiga representante de Jundiaí e, certamente, uma das mais antigas de toda competição. Petronilia representa a cidade pela primeira vez, no atletismo adaptado, e promete manter a perseverança de suas passadas nos 600 metros que compõem o percurso da prova. Ela embarca neste sábado (5) rumo a Mogi.
Nascida em Poções e criada em Itabuna, a história das andanças dessa baiana pelo Brasil começa aos 44 anos, quando ela se muda para Osasco, em São Paulo. De lá, conta, percorreu diversas cidades do interior paulista. “Não sei por quantas andei.” Há 11 anos descobriu Jundiaí, à época, por conta da vida profissional da neta, a bailarina e professora de educação física, Ambrósia.
“Ela amou a cidade, principalmente, pelo modo como o município enxerga o idoso, como viabiliza atividades voltadas à qualidade de vida dessa população”, comenta Ambrósia, lembrando que a avó viu de perto o nascimento de quatro gerações dentro da família. “Ela tem tataranetos.” Além disso, a matriarca caminha a passos seguros para os 91 anos, que serão completados em maio.Segredos da longevidade
Para Ambrósia, a história de vida da avó é um dos fatores determinantes de sua surpreendente condição física.
“Ela vem de um meio muito difícil, de um interior da Bahia onde o único veículo de transporte era o de tração animal. Andava-se muito, quilômetros, para ir à escola, à igreja, enfim. A geração da vó transformava dificuldades em criatividade para lidar com o dia a dia”, lembra a neta.
E até hoje é assim. Dona Petronilia é uma injeção de ânimo para toda família. Ainda lava roupas na mão (acredita que a máquina de lavar não seja tão eficaz) e cozinha arroz integral e carne de soja com a mesma vitalidade e bom humor de menina. Dos 5 filhos, perdeu 3. Também perdeu as contas de quantos netos e bisnetos acumula. Só não perde mesmo a vontade de caminhar adiante. “Será a primeira vez que represento Jundiaí e estou muito feliz por isso. Ano passado, às vésperas dos jogos, peguei uma gripe que me deixou de cama”, lamenta.
Mas agora, garante, está bem preparada. Além da ginástica e da musculação, treina em casa, adaptando saquinhos de areia e laranjas em seus exercícios físicos. Dona Petronilia se despede e caminha por entre o parque. Ela vai longe.
Thiago Secco
Foto: Alessandro Rosman
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