Condephaat estuda tombamento do Clube 28
Publicada em 08/06/2014 às 15:22A notícia de que o Clube Beneficente Cultural e Recreativo 28 de Setembro, o Clube 28 de Jundiaí, pode ser tombado pelo patrimônio histórico estadual, por meio do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) tem atraído a atenção de instituições ligadas à defesa do patrimônio municipal e também suscitado opiniões de pessoas ligadas ao assunto.
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O trâmite corre no órgão estadual desde que, em reunião com os conselheiros ocorrida em 19 de maio, foi aprovada – por unanimidade – a abertura de estudo de tombamento de três clubes negros do Estado de São Paulo. Junto do Clube 28, figuram na relação o Grêmio Recreativo Familiar Flor de Maio (São Carlos) e a Sociedade Beneficente 13 de Maio (Piracicaba). A medida partiu da Assessoria de Cultura para Gêneros e Etnias, órgão ligado à Secretaria Estadual de Cultura.
Segundo a assessoria de imprensa do Condephaat, a medida significa que toda história do clube está sendo levantada para estudo e análise técnica naquele colegiado para futura votação de tombamento, ainda sem data definida. Em nota, o conselho entendeu que o Clube 28 apresenta “suficientes indicativos sobre a importância para a história social e cultural da formação da sociedade paulista, com ênfase para a cultura negra”. Ainda segundo a assessoria, somente após esse levantamento será possível definir se o tombamento será material ou imaterial.
À frente da Diretoria do Patrimônio Histórico e Cultural da cidade desde sua oficialização, em fevereiro deste ano, o professor e historiador Donizetti Aparecido Pinto, 57 anos, recebeu com animação a notícia da abertura do processo que envolve o Clube 28.
“Estou convicto de seu tombamento imaterial, que significa o registro do bem cultural. A história do clube é riquíssima e mostra o nível impressionante de organização e articulação dos negros da cidade já no século 19, pouco após a abolição da escravatura”, diz.
O assunto, aliás, segundo Donizetti, já transitava em conversas recentes com o secretário de Cultura, Tércio Marinho. “E vamos acompanhar o desenrolar desse esforço”, afirma o historiador, tratando de definir que tombamento material está ligado a imóveis, e o imaterial influi sobre movimentos culturais e populares que carregam no DNA a identidade de seu povo, como ocorreu recentemente com a Romaria Diocesana.
Mais antigo do Estado
Em sua segunda gestão como presidente do Clube 28, e há dois anos na atual posição, Edval Francisco Honório aguarda ser oficialmente notificado sobre a novidade. “Fiquei sabendo pela imprensa. Vai ser ótimo se isso acontecer, e acho que vai ficar mais fácil o acesso para pleitearmos subsídios municipais, estaduais e federais”, comemora, defendendo que o clube é o mais antigo do Estado e o terceiro mais antigo do País em atividade, com registros que atestam sua fundação para o ano de 1895, e que conta com 500 sócios na atualidade.
Diretor benemérito do Clube 28 e entusiasta do movimento negro, Eginaldo Honório é categórico. “Vamos brigar pelo tombamento imaterial do lugar, até porque o imóvel já sofreu diversas modificações ao longo do tempo, perdendo suas características originais”, argumenta.
“Imagine você o nível de articulação e audácia que esses negros tiveram em fundar um clube como esse, que acolhia os negros e até juntava dinheiro para ajudar a comunidade negra, numa época de difícil comunicação. Muitos deles vinham do trabalho nas ferrovias. Vá até a estação ferroviária e veja o ano de fundação na placa: 1885, ou seja, três anos antes da abolição. Quem você acha que trabalhava na construção das linhas férreas?”, pergunta, em tom de resposta.
O Clube 28 de Setembro fica na rua Petronilha Antunes, 363, no Centro. Para mais informações, o telefone é (11) 4521-3197.
Thiago Secco
Fotos: Arquivo e PMJ
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