Prefeitura de Jundiaí

Prefeitura reforça ações com moradores em defesa do Traviú

Em reunião com moradores do bairro rural do Traviú, os secretários Marcos Brunholi (Agricultura, Abastecimento e Turismo) e Daniela da Câmara Sutti (Planejamento e Meio Ambiente) reforçaram a orientação do prefeito Pedro Bigardi para ações em defesa do aspecto histórico e social do bairro diante de impactos de qualquer obra. A região, formada por propriedades agrícolas, é sondada por técnicos de um projeto de linha de transmissão ainda não aprovado pela Prefeitura e pelo Governo Federal.

“O prefeito Pedro Bigardi está acompanhando o caso e concorda que o Traviú é uma das joias do nosso cinturão verde que buscamos fortalecer”, afirmou Marcos Brunholi, lembrando que o trabalho com o bairro reflete também a preocupação com as demais áreas abrangidas no traçado dentro da bacia do rio Capivari, como Corrupira, Rio Acima e Mato Dentro.

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“Posso dizer não apenas como secretário, mas também como agricultor, que entendo o alerta dado por moradores. Não há mais como substituir uma área rural que seja prejudicada em Jundiaí e muitas propriedades são mantidas por gerações de famílias há mais de 100 anos”, destacou Marcos Brunholi.

A reunião, promovida na sede da Associação dos Amigos do Traviú (AVA), na noite de terça-feira (23), contou com mais de 40 representantes. Depois de depoimentos sobre a falta de indenização de outra linha de alta tensão na década de 1980, os moradores narraram a inviabilização das propriedades com a faixa de restrições de 70 metros de largura exigida pelo projeto (que impede o uso das estruturas de arame das plantações de uva). Foi também iniciado o processo de escolha de representantes para uma comissão conjunta com a Prefeitura sobre o tema.

“Fomos tão surpreendidos com essa invasão da privacidade dos agricultores como eles próprios. A Prefeitura de Jundiaí não aprovou nenhuma diretriz nesse sentido e queremos fazer esse trabalho conjunto porque há também o interesse público nesse bairro pelo que representa para a cidade”, afirmou a secretária Daniela.

Preocupação com o cinturão verde de Jundiaí

Desafio federal
O diretor de meio ambiente e fundiário do consórcio formado pelas estatais Copel e Furnas (MSG – Mata Santa Genebra Transmissão), José Gilvomar Rocha Matos, compareceu à reunião e admitiu que a alegada invasão de propriedades foi uma falha operacional. O traçado final da linha de transmissão, que tem 882 quilômetros entre Paraná e São Paulo, ainda não foi aprovado pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) mas, nas três alternativas propostas pelo consórcio, o Traviú está presente.

“Com as novas usinas hidrelétricas de Belo Monte, Teles Pires e Madeira (na Amazônia) a rede de transmissão precisa ser ampliada”, alegou lembrando que a licença prévia é prevista para fevereiro depois da conclusão do Estudo de Impacto Ambiental (EIA-Rima) e de audiências públicas sobre o mesmo.

Ação municipal
Para o secretário Marcos Brunholi, a mobilização deve envolver a busca por outro traçado estudado pelo consórcio (como informado no encontro) e também as questões relativas aos aspectos sociais, ambientais, culturais e econômicas da comunidade do bairro. “Temos programas nos campos da agricultura e do turismo envolvidos”, disse. Nesse sentido, a cooperação com outros setores, como a Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente, é essencial.

“Vamos buscar também outras instituições”, acrescenta a secretária Daniela da Camara Sutti. O trabalho de apoio aos moradores deve abranger a construção de ações específicas para os cenários de mudança total ou parcial do traçado, assim como o apoio em aspectos como os valores intangíveis (atividade familiar de gerações, características comunitárias) e econômicos (propostas de ressarcimento para interrupção de cultivo de décadas ou desvalorização de terra).

José Arnaldo de Oliveira
Fotos: Dorival Pinheiro Filho