Banco do Povo é o caminho para o empreendedorismo
Publicada em 12/10/2014 às 12:10Foi entre máquinas de costura, carretéis de fios coloridos, alças, botões e tecidos que Alessandra Cristina de Souza encontrou a profissão e a si mesma. Do trabalho puxado nos fundos da casa, paga as contas e cria a filha, a pequena Gabriela, de 8 anos. “Alê do biquíni”, como ficou conhecida por todo o Eloy Chaves, em Jundiaí, é uma microempreendedora que conseguiu se estabelecer. Mas nem sempre foi assim.
A jovem já foi dona de uma pequena confecção própria no Centro da cidade. Fechou as portas. Recomeçou do nada. Tempos difíceis: trajando um macacão, lavou carros em posto de combustível, foi cabo eleitoral e funcionária de outras empresas. Hoje, ela lava a alma quando contempla o próprio negócio, uma pequena e bem organizada confecção de biquínis e lingeries que leva o nome da filha, adaptada na garagem do imóvel.
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“Estudei até a oitava série. Eu queria fazer o curso técnico de administração, mas fui reprovada. Eu tinha uns 15 anos”, lembra a mulher, que desconhece o significado da palavra “desistir”. “Fui fazer um curso de confecção de lingerie e acabei descobrindo o que eu gostava de fazer. Mas eu não tinha as ferramentas nem a matéria prima”, explica.
Entre idas, vindas e diversos obstáculos, a vida de Alessandra começou a ganhar outro relevo há 6 anos, quando orientada pelo pai, Milton, tomou emprestado R$ 3 mil no Banco do Povo de Jundiaí. “Eu precisava comprar uma máquina para dar acabamento em peças de moda praia e resolvi dar o passo. Deu certo.” Pagou em 24 vezes, a juros de “mãe”.
Depois, já como pessoa jurídica, tomou outra linha de crédito – de R$ 7,5 mil – que facilitou a vinda de outra máquina de costura, mais moderna, capaz de produzir até 3 mil peças por dia, além de outra, uma “Ferrari” que costura com duas agulhas ao mesmo tempo. Contando, já são sete máquinas dividindo o espaço. Os pedidos chegam a todo momento. “Agora no verão eu não paro de trabalhar. Faço 600 peças por mês”, contabiliza.
“Foi muito simples conseguir as linhas de crédito. Bastou levar a documentação necessária e ter um fiador. Depois eles te fazem uma visita e pronto. Tudo sem burocracia e rápido. Sempre fui muito bem atendida pela Ana (Ana Adélia, gerente de crédito da Prefeitura)”, garante Alê, que traz o empreendedorismo no DNA: o pai Milton é proprietário de uma transportadora. A mãe Aparecida faz salgados aos fins de semana.
Dentre as clientes está Natalícia Aparecida Silva, esteticista de 36 anos. “Os produtos dela têm qualidade, bom preço e são feitos sob medida. Esse é o diferencial”, garante, fazendo planos de levar o novo biquíni para um batismo nas praias de Fortaleza.
A Gabriela Confecções abre o leque. No local, quem passa encontra sorvetes, cremes, perfumes e uma pequena camisaria. De tudo um pouco, Alessandra segue a vida, fazendo planos para as suas próprias férias, ainda sem data definida no calendário do fundo da casa.
Novo Banco do Povo
Para Edison Maltoni, diretor de Fomento ao Comércio e Serviços da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, houve uma mudança nítida de 2013 para cá no relacionamento da Prefeitura de Jundiaí com o convênio do Banco do Povo, ligado ao Governo do Estado.
“Nós conseguimos reduzir ainda mais as taxas de juros, que caíram de 0,5% para 0,35%. Depois, o teto dos empréstimos foi elevado de R$ 15 mil para R$ 20 mil. Mas não fica nisso. Hoje, existem mais linhas de crédito ofertadas, para reforma e ampliação de imóveis por meio do sistema Casa paulista, por exemplo”, explica Maltoni.
Uma equipe da Prefeitura ainda faz a defesa dos requerentes a crédito, junto aos gestores que balizam os financiamentos. “Temos acompanhado e participado de todo processo, no sentido de facilitar ao máximo o acesso de pequenos empreendedores ao crédito.”
O título de ‘Prefeito Empreendedor’, inclusive, foi dado este ano a Pedro Bigardi pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). O prêmio reconhece gestores em todo o Estado que contribuem no desenvolvimento econômico e social, com ênfase no aporte a pequenos negócios locais.
Gostou da ideia? Para mais informações, o telefone do Banco do Povo de Jundiaí é o 4522-2460.
Thiago Secco
Fotos: Paulo Grégio
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