Dia da Consciência Negra tem marcha no Centro

Publicada em 20/11/2014 às 15:53

Em uma reunião de movimentos sociais, entidades e ativistas, o centro histórico de Jundiaí teve nesta quinta-feira (20) uma nova edição da Marcha da Consciência Negra, embalada por ritmos de origem africana e discursos sobre a união de minorias sociais.

Com uma estimativa de 1 mil pessoas ao longo do percurso pela rua Barão de Jundiaí, entre Esplanada do Monte Castelo e a região do Fórum de Justiça, o evento visa fazer as pessoas terem “consciência da consciência” de acordo com a mãe Clara de Oxum.

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A marcha percorreu o Centro e contou com integrantes da Prefeitura no apoio

A marcha percorreu o Centro e contou com integrantes da Prefeitura no apoio

O secretário de Cultura, Tércio Marinho, acompanhou a caminhada e afirmou que a manifestação é importante “para a emancipação do povo”. Também estiveram presentes outros integrantes da Prefeitura de Jundiaí como o assessor de coordenadorias, Vanderlei Victorino, e o diretor do Museu Histórico e Cultural, Jean Camoleze.

A manifestação, que ao lado da programação da Virada Negra e de outras iniciativas populares como a tradicional missa afro organizada por Liberata de Paula Alves marca essa data comemorativa na cidade, foi um grande encontro.

“É mais importante essa qualidade do que a quantidade, por ser um ato e não um desfile. É uma confluência de muitos movimentos”, destacou Reginaldo Manoel da Costa, um dos organizadores.

A manifestação acontece há três anos em uma cidade que tem em sua história uma mudança da perseguição paga pela Câmara aos escravos rebeldes no quilombo da atual Itupeva, com exibição de cabeças dos líderes em estacas na estrada velha de São Paulo (no século 18) até o surgimento de um dos primeiros clubes de escravos libertos ou para viabilizar alforrias, o 28 de Setembro (no século 19).

A caminhada contou com apoio dos batuques do Maracatu Jundiaí, de integrantes das escolas de samba Arco Íris, União da Vila e Marujos e também com representantes de terreiros. “Além da igualdade racial e social, também defendemos a igualdade religiosa contra a perseguição aos cultos de matriz africana, que ainda continua”, explicou Nelson Jamaica.

A proposta mais ampla da marcha atraiu também representantes da Associação dos Aposentados, Sindicato dos Comerciários, Sindicato dos Bancários, Círculo Palmarino, Central Única dos Trabalhadores, do movimento LGBTT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transgêneros), de entidades como representantes da Câmara de Vereadores e muitos outros profissionais e moradores.

“Viemos ver porque não se trata apenas de um direito para os negros, mas dos direitos de todos sejam brancos, pobres ou ricos”, comentou a multimídia Jenny Gonzalez.

Entre alertas para a mortalidade de jovens negros nas periferias, cartazes também informavam para o uso do fone 180 para casos de violência contra mulheres e outros.

O evento também contou com manifestações culturais, como a distribuição de bonecas feitas à mão e sem costura chamadas “abayomi”, improvisadas pelas mães para acalmar crianças nas longas viagens do tráfico de escravos. De acordo com Jéssica Lemes, que fazia a distribuição gratuita, a ideia e o trabalho artesanal foram de sua tia Vânia.

Boa parte dos participantes tinha uma série de compromissos ligados ao tema durante o feriado e fim de semana. Entre alguns expectadores da marcha pelo Centro, ainda restam dúvidas sobre o equilíbrio da luta contra a pobreza e da luta contra o racismo. Mas, como disseram participantes do evento, é impossível não ter mais a “consciência da consciência”.

Entidades, movimentos sociais e muitos admiradores aderiram à manifestação

Entidades, movimentos sociais e muitos admiradores aderiram à manifestação

José Arnaldo de Oliveira
Fotos: Dorival Pinheiro Filho

Acompanhe a reportagem da TVE Jundiaí


Link original: https://jundiai.sp.gov.br/noticias/2014/11/20/dia-da-consciencia-negra-tem-marcha-no-centro/