Conservação da Ponte Torta une tecnologia à tradição
Publicada em 19/12/2014 às 18:53Na reunião que encerrou as atividades em 2014, o projeto Ações de Conservação e Zeladoria da Ponte Torta ofereceu uma espécie de “show tecnológico” sobre o monumento e também sobre o trabalho com outros imóveis antigos. A iniciativa é da Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente. O próximo será encontro será em 16 de janeiro, na Biblioteca Pública.
Usando a carreta itinerante como palco, os especialistas Magda Rosa e Toninho Sarasá mostraram como usam as tecnologias atuais para radiografar bens que precisam de conservação ou restauro e também os riscos que materiais modernos oferecem quando usados sem conhecimento das técnicas antigas.
“É preciso diagnosticar os problemas de caráter material e também de caráter biológico”, explicou Magda.
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Entram no primeiro aspecto (material) o desprendimento de tijolos, a pichação, os elementos faltantes, as eflorescências vegetais, a sujeira da poluição, o desprendimento de argamassa e a erosão por vento ou bicadas.
No segundo aspecto (biológico) entram a presença de biofilme, as colônias de insetos, os excrementos de pombos e a vegetação parasitária.
Cada elemento é levantado pela equipe de campo para uso em softwares para sistematização, permitindo prever orçamentos e soluções. A observação também aponta efeitos como trincas decorrentes de modificações no entorno.
Outro lado da questão é o aspecto mais importante, das técnicas utilizadas. “Estamos perdendo muitos casarões no interior paulista por causa de reformas feitas sem essa informação”, explica Toninho Sarasá, que atuou em lugares como Museu do Ipiranga, o Mosteiro da Luz, o Casarão de Santana do Parnaíba e muitos outros.
O motivo é o desconhecimento das técnicas tradicionais usadas antes mesmo da chegada dos tijolos, como a taipa, o adobe e as pedras no caso mineiro. Ele recomenda olhar com atenção para o papel do cal na argamassa e na pintura.
“Temos construções com muitos séculos que estão inteiras. Existem questões como umidade e respiração do material, que no tijolo baiano, que é oco no meio, pode ser resolvido com tinta látex ou acrílica, mas em materiais que já criaram um fisiologismo, podem acabar em poucos meses com uma construção que tem outras características”, afirma ele.
A tecnologia avançada, inclusive com uso de AutoCAD, e a pesquisa sobre conhecimentos ancestrais são dois pontos de equilíbrio no trabalho do projeto, que já está em andamento.
Crime contra a comunidadeNo grupo que acompanhou a reunião estavam profissionais e pesquisadores como Araken Martinho, Eduardo Carlos Pereira, João Borin e até Roberto Pestana Teixeira Lima (Liminha), que é amplamente reconhecido na área de conservação de prédios históricos na região de Amparo. Além de técnicos, estudantes e moradores.
“Sempre achei o risco de demolirem a Ponte Torta uma perda inestimável para a comunidade, e vim ver o que estava acontecendo. Não se trata de algo material, é a memória das pessoas que aqui viveram”, afirmou a artista plásticas e professora Inês de Castro, a Dadí.
Durante a palestra, diversos exemplos foram apresentados para mostrar que a noção de zeladoria (de cuidar constantemente e da maneira correta dos bens antigos) pode evitar a necessidade de intervenções mais agressivas. Em casos opostos, foi mostrado como a técnica correta é importante para manter inteiro um imóvel centenário (caso do Mosteiro da Luz) ou para comprometer em poucos meses uma parede pelo uso de materiais incorretos (caso de um casarão em Paraty). “Muitas vezes, basta recuperar o que já sabíamos com nossos avós”, afirmou Toninho.
José Arnaldo de Oliveira
Fotos: Dorival Pinheiro Filho
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