Para arqueóloga, Jundiaí pode ocultar milhares de anos

Publicada em 16/01/2015 às 18:48

O fato de existirem vestígios de até 9 mil anos em Jundiaí aponta para o reforço na valorização do patrimônio histórico e cultural da cidade, que por si só já representa uma das povoações mais antigas do Estado de São Paulo. Os comentários foram feitos nesta sexta-feira (16) pela arqueóloga Marise Campos de Souza, especialista do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em palestra que integra o ciclo social do projeto Ações de Conservação e Zeladoria da Ponte Torta.

Ela foi a convidada do dia no projeto da Prefeitura de Jundiaí em parceria com o Estúdio Sarasá, que atraiu técnicos municipais, estudantes, moradores e conselheiros do patrimônio ao evento na Biblioteca Pública, no Complexo Argos, para onde o tema retorna nas tardes de sexta-feira 23 e 30.

A novidade agora serão as “oficinas lúdicas”, com tijolos reais ou cenográficos, que serão realizadas para crianças e adultos na manhã de sábado (24), no Jardim Novo Horizonte, e nas tardes de sábado (31) e domingo (1º), na 32ª Festa da Uva.

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“Estamos também avançando com trabalhos de conservação direta do monumento na próxima semana”, comentou o coordenador de projetos urbanos, Décio Pinheiro Pradella, da Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente.

Na palestra, Marise contou ter familiaridade com o trabalho arqueológico de Walter Morales Fagundes na cidade, que apontou na década de 1990 a existência de vestígios de cerâmicas de técnicas indígenas e africanas em diversos pontos de Jundiaí, e teve contato com narrativas da equipe do Museu Histórico e Cultural (Solar do Barão e Centro de Memória, da Secretaria de Cultura) que conserva um artefato datado de 9 mil anos de existência.

A análise é que Jundiaí pode ter locais nas categorias proto-histórica ou de sítios de contato (onde convivem resquícios tanto de colonizadores como indígenas). O Iphan é o órgão federal responsável pelo patrimônio arqueológico. “Há muito a ser feito para o avanço da educação patrimonial, hoje restrita à contrapartida de projetos privados. E mesmo assim ainda vista como educação formal, sem estender para educação informal quando envolve grupos já excluídos. É preciso integrar melhor esse tema com a própria educação”, explicou Marise, que atualmente faz pós-doutorado desse ramo na Grécia.

Um dos casos práticos expostos na palestra envolveu a Casa Bandeirista, em São Paulo, quase totalmente destruída por empreendimentos antes de que um levantamento de peças de 10 mil anos mostrasse ser o sítio arqueológico mais antigo da capital. A obra saiu, mantendo a casinha colonial de referência e criando um museu para as peças encontradas ali e que contam uma parte da história paulista.

“Temos diversas experiências mostrando que as sondagens e as pesquisas podem muitas vezes valorizar e informar até mesmo um empreendimento privado. Vamos mostrar diversas delas”, afirmou o especialista Toninho Sarasá, responsável pela próxima palestra técnica no local, no dia 23.

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Apoio
A Câmara de Jundiaí também esteve presente, representada pelo vereador Paulo Malerba. Para ele, o trabalho implementado no projeto mostra o compromisso do prefeito Pedro Bigardi com a identidade da cidade. “A Ponte Torta é um símbolo do valor que precisamos ter com a memória coletiva, que é formada pela memória de cada um de nós, principalmente para quem desconhece a história da cidade”, afirmou.

José Arnaldo de Oliveira
Foto: Dorival Pinheiro Filho

Assista à reportagem da TVE Jundiaí
http://youtu.be/jKLrsAZUCHM


Link original: https://jundiai.sp.gov.br/noticias/2015/01/16/ponte-torta-para-arqueologa-jundiai-pode-ocultar-milhares-de-anos/

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