Descoberta espécie inédita de rã na Serra do Japi
Publicada em 28/04/2015 às 11:50Um trabalho de quase três anos de pesquisas confirmou que uma das espécies de rãzinha-de-riacho que fazem parte da grande biodiversidade da Serra do Japi é uma variação totalmente desconhecida nos registros científicos da família Hylodidae.
O trabalho teve o apoio direto da Base Ecológica, mantida na Reserva Biológica Municipal (Rebio) pela Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente. De acordo com a secretária Daniela da Camara Sutti, a novidade apenas reforça os cuidados que o governo Pedro Bigardi tem orientado para a região da serra.
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“O mais interessante é que nossa descoberta mostra que a espécie nova só ocorre na Serra do Japi. Acredito que esta descoberta de uma nova espécie de vertebrado endêmica da serra (ou seja, que ocorre apenas ali) tem muito a contribuir com a preservação desse importante remanescente da mata atlântica brasileira”, afirma Fábio Perin de Sá, que trabalhou de 2010 a 2013 em mestrado sobre o tema na Universidade Estadual Paulista (Unesp), orientado por Célio Haddad.
O principal destaque da dissertação foi dedicado à descrição da espécie e do modo reprodutivo, um comportamento que além de ser bastante raro de ser observado, antes de ser descrito para espécies da família Hylodidae, só era conhecido para peixes. Esse modo reprodutivo consiste em depositar ovos dentro de uma câmara subaquática construída no leito de riacho.
Os dados verificados mostraram que essa rãzinha existente na serra (até então tratada genericamente como Hylodes ornatus) é uma espécie nova. A expectativa dos pesquisadores é de que, de algum modo, a nova espécie de rãzinha, agora oficial e cientificamente chamada de Hylodes japi, contribua para o trabalho de conservação da floresta cujo nome em tupi significa “nascentes”, numa menção exatamente ao habitat no qual a nova espécie descrita vive.
A Serra do Japi tem mais de 30 espécies de anfíbios, com comportamentos e habitats variados desde riachos, bromélias, árvores ou chão da floresta.
De acordo com Flávio Gramolelli Júnior, diretor de Meio Ambiente da Prefeitura, a descoberta valoriza o trabalho de conservação. “Isso mostra que ainda temos muito a conhecer sobre uma biodiversidade que inclusive pode gerar novos medicamentos, cosméticos ou materiais para a comunidade“, afirmou.
Alta tecnologia
A confirmação da diferenciação entre diversas espécies de Hylodes foi trabalhada com análise molecular, com coleta de DNA ralizada em kits de extração do tipo DNeasy, pela proximidade morfológica com outras variedades do gênero, mostrando traços geneticamente distintos.
O trabalho liderado por Fábio Perin de Sá foi publicado em forma de artigo na Revista Herpetológica e, em inglês ,na Bio One Research Evolved, em coautoria com Clarissa Canedo, Mariana L. Lyra e o próprio Célio Haddad. Também colaborou com a pesquisa a bióloga Adriana Salomão, especializada em outra raridade da Serra do Japi que é o chamado “bicho casca”.
José Arnaldo de Oliveira
Foto: Arquivo Pessoal
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