Jundiaí cria cadastro para encontrar desaparecidos
Publicada em 03/09/2015 às 10:50A Guarda Municipal é reconhecida no País pelas propostas ousadas de usar o “boom tecnológico” na criação de ferramentas que possam contribuir na segurança e no bem-estar da sociedade, e o mais novo projeto-piloto já atraiu atenção do Ministério da Justiça.
Idealizado pela GM como instrumento para incrementar o Programa “Crack, é Possível Vencer”, o cadastro virtual social foi colocado em prática durante ações em campo.
Na prática, consiste em um raio X da pessoa com a proposta de reunir todas as suas características para que possa ser identificada em caso de qualquer necessidade. A ação deu origem a um banco de dados que permite mapear detalhadamente o tema “moradores em situação de vulnerabilidade”.
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Segundo o comandante da Guarda Municipal, José Roberto Ferraz, a ideia do cadastro com fotografia surgiu depois que a GM foi procurada por parentes de uma pessoa que estava desaparecida há meses. Ela havia deixado a casa, em outro estado, e circunstâncias davam indícios de que estaria na região.
Ferraz comenta que a corporação não tinha a ferramenta, que, recém-criada, desperta total interesse de órgãos públicos de segurança. O banco de dados é utilizado para pesquisa de procurados da Justiça, por exemplo, e de pessoas sem endereço fixo.
“Passamos a cadastrar todas as pessoas abordadas durante as constantes operações, como forma de levantar o perfil geral de cada uma delas. Por meio deste banco de dados, podemos ajudar famílias a encontrar parentes desaparecidos, a cidade, estado ou país de origem, conhecer se há necessidade de algum atendimento específico de saúde e colaborar com as forças de segurança na investigação de delitos, caso alguma dessas pessoas seja suspeita”, explica Ferraz.
Ferraz conta que a proposta visa, principalmente, estender a mão a quem precisa. “Primeiro, que seja uma ferramenta que possa auxiliar no campo social, de saúde, do auxílio e eventualmente como apoio para a Justiça”, principalmente nos casos de desaparecidos envolvidos com drogas”, observa.
De acordo com o comandante da GM, há uma demanda grande na procura de pessoas desaparecidas, que por uma razão ou outra, estão perdidas pelo mundo. “Se estiverem em Jundiaí, vamos ajudar, como já ajudamos algumas delas”, argumenta.
O projeto-piloto do cadastro social virtual foi apresentado em novembro do ano passado à Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), mais precisamente ao capitão da Polícia Militar do Estado de Rondônia, Marcos Freire, que integra o Departamento de Políticas, Programas e Projetos, no caso específico do Programa “Crack É Possível Vencer”, do Ministério da Justiça.
“A ideia foi prontamente aprovada e a possibilidade de ser estendida a todas as guardas que integram o programa já é estudada”, recorda. O “Crack é Possível Vencer” é fiscalizado pelo Ministério da Justiça há cinco anos.
Nesta quinta-feira (3), o setor de Planejamento e Estatísticas da Guarda Municipal divulgou o primeiro levantamento do cadastro social. Os números são referentes a novembro de 2014 a julho deste ano.
Foram identificadas no total 230 pessoas por equipes da GM durante ações feitas em conjunto com equipes das delegacias. A idade média dos cadastrados é de 30 a 32 anos. Um homem de 69 anos foi o único caso atípico.
Os números mostram ainda que 65% dos cadastrados são solteiros e que 5% vieram a Jundiaí em busca de tratamento médico e 15% à procura trabalho. Do total de cadastrados, 70% estão em situação de rua, 60% são dependentes químicos e 35% são dependentes de álcool.
Os itens que mais chamaram a atenção foram: crimes cometidos, como chegaram a Jundiaí e cidade de origem. Dos cadastrados, 25% já tiveram passagens por furtos, 10% por roubos, e dois têm passagens criminais por homicídio. O levantamento mostra que as 230 pessoas cadastradas totalizavam aproximadamente 246 delitos no currículo.
Ainda de acordo com o balanço, cerca de 69 pessoas vieram para Jundiaí de ônibus, 42 de trem, e 74 por outros meios. As principais cidades de origem são São Paulo, Campinas, Itatiba, cidades do norte do Estado do Paraná. “Até um colombiano e um argentino estão no nosso banco digital”, revela Ferraz.
O coordenador do Programa “Crack, É Possível Vencer”, o inspetor Cláudio Ferigato, explica que os números vão ser apresentados ao Ministério da Justiça. “O levantamento também é repassado à Secretaria de Saúde, Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social (Semads) e ao Gabinete de Gestão Integrada Municipal (GGIM). De todos os cadastrados, 40 pessoas foram encaminhadas para programas, como a Prevenção e Cuidados, que prova a eficiência e a importância desta ferramenta”, conclui Ferigato.
Assessoria de Imprensa
Foto: Fotógrafos PMJ
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