Trabalho ‘muda’ bacias e mapeia 1,4 mil nascentes
Publicada em 01/02/2016 às 12:39Em um trabalho intenso entre 2013 e 2016, Jundiaí ganhou novo entendimento sobre suas bacias hídricas e suas nascentes de água. O levantamento de campo foi feito pelo setor de gestão ambiental da Dae e integra agora também os dados do Plano Diretor Participativo, da Prefeitura, reforçando um novo olhar para o sistema ambiental das águas na cidade.
As bacias hídricas passam de seis para sete. Agora são a bacia do rio Jundiaí-Mirim, a do rio Capivari, a do ribeirão Caxambu, a do rio Jundiuvira (antes marcada apenas como do rio Tietê, na franja oposta das montanhas da Serra do Japi), a do rio Jundiaí (a bacia central, delimitada de maneira própria no sentido leste-oeste), a do córrego da Estiva e a do rio Guapeva (a maior bacia urbana, antes vista como parte do rio Jundiaí).
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Além dessa nova demarcação, mais coerente com a realidade geográfica do município, a área de duas bacias “aumentou” com o uso de referências naturais em vez de artificiais. A bacia do rio Jundiaí-Mirim, antes considerada apenas até as represas, agora é reconhecida cortando o Parque da Represa, passando sob a rodovia João Storani e chegando até a foz no rio Jundiaí, na Vila Hortolândia.
E a bacia do córrego da Estiva também passa a ser reconhecida além da rodovia Anhanguera, de onde segue também até a chegada de suas águas na sua foz no rio Jundiaí.
“Semáforos da água”
O trabalho mais detalhado, além da redefinição dessas sete bacias hídricas, foi a identificação pela equipe de gestão ambiental da Dae de 1.400 nascentes de água e suas condições naturais de vegetação, permeabilidade e funcionamento.
Somente em menos 5% do total, em escarpas inacessíveis da Reserva Biológica da Serra do Japi, foram usadas referências anteriores de mapas. Todo o restante envolveu visitas diretas, diálogo com proprietários e análises posteriores de imagens de satélite. Em muitos casos, o trabalho incluiu visitas com as botas dentro da água.
Em outras palavras, foram pelo menos 1.300 levantamentos feitos com alguma parcela participativa com moradores e proprietários, que acrescentaram seus saberes próprios para a metodologia científica adotada pelo projeto.
“Conhecemos muitos proprietários pelo nome e seu apoio nos fez ver mais detalhes na relação da topografia, das nascentes e dos cursos de água”, explica o assessor técnico de recursos naturais da Dae, Martim Ribeiro.
No mapa de cursos de água de cada bacia e do território jundiaiense como um todo, todas as nascentes foram marcadas com sinais coloridos como em um semáforo – com verde para as boas condições de conservação, com amarelo para aquelas que precisam de atenção e vermelho para as nascentes em condições críticas de degradação do ambiente em seu entorno, que podem literalmente secar ou já secaram.
Integração ambiental
De acordo com a Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente, o trabalho inédito representa um passo fundamental para um novo entendimento na gestão territorial de Jundiaí.
Um dos próximos passos é integrar esse levantamento, dividido por cada uma das sete bacias hídricas do município, com o levantamento de fragmentos naturais (dos biomas mata atlântico e cerrado), que estão distribuídos pelo município, em trabalho feito pela equipe de meio ambiente da SMPMA em colaboração com o Jardim Botânico, vinculado à Secretaria de Serviços Públicos.
“Integrando esses dois grandes esforços, nossa visão sobre a proteção das águas da cidade fica mais detalhada”, explica a secretária de Planejamento e Meio Ambiente, Daniela da Câmara Sutti.
O novo trabalho de bacias hídricas e nascentes da Dae foi liderado pelo assessor técnico de recursos naturais, Martin F.S. Ribeiro, e pelo gerente de recursos, José Antonio Pereira, além de outros cinco estagiários técnicos, e da diretoria coordenada por Aray Martinho e com o apoio do diretor-presidente da empresa, Jamil Yatim.
De acordo com o diretor da Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente, Marcelo Pilon, a convergência de novos levantamentos da base ambiental de Jundiaí indicam bases mais sólidas para políticas públicas como o novo Plano Diretor.
José Arnaldo de Oliveira
Fotos: Dorival Pinheiro Filho
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