Carnaval: Afoxé vai para a avenida contra o preconceito
Publicada em 28/02/2014 às 18:35Presença tradicional na abertura dos desfiles de carnaval de São Paulo desde 1980, quando de sua criação, o grupo cultural de afoxé Filhos da Coroa de Dadá vem, ao longo desses 34 anos, se valendo da cultura como principal ferramenta de combate ao preconceito e à falta de informação sobre algumas tradições afro-brasileiras.
No início, algumas pessoas se assustaram com a novidade. “Hoje, apesar do preconceito ainda vivo, conseguimos aproximar valores como trabalho, respeito e dignidade ao candomblé”, garante Iyawanda Ferreira, a Iyawanda de Oxum.
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Há 2 anos no comando do time, que conta com 800 participantes em suas fileiras, ela explica que a manifestação se trata de uma brincadeira folclórica de rua, em que um grupo vindo de uma casa de Candomblé se organiza para celebrar, a seu modo, a festa de Momo.
A iniciativa, que começou com a mãe, Quatessu, faz com que, hoje, “muita gente vá até o Anhembi para ver nossa apresentação”, garante. Um desfile com aproximadamente 45 minutos, onde o principal objetivo, aponta a presidente, é mostrar “a nossa cultura para quem não conhece. É colocar essa expressão na rua”.
Durante a passagem do Filhos da Coroa de Dadá pela avenida Luiz Latorre, será possível assistir a uma grande homenagem ao orixá Oxum. Um rei e uma rainha, representados por Francisco de Oxum e Gilda de Oxum – babalorixá e ialorixá, respectivamente – compõem a festa, junto de um mosaico sociocultural composto pelo trabalho percussivo dos xequerês (uma cabaça revestida por contas e miçangas) e pelas cantigas religiosas da Bahia.
Dois ônibus levarão 100 componentes do grupo, tradicional da região da Casa Verde, que farão da Luiz Latorre o palco ideal para ressoar a mensagem que os move.
“Estamos indo de coração aberto. Espero que as pessoas nos vejam com bons olhos, com carinho. Vamos mostrar um pouco de nossa cultura e nosso respeito aos Orixás”, anseia Iyawanda, que, mesmo com seus 66 anos, confeccionou 500 fantasias para as apresentações de 2014. Uma a uma.
Seu filho Ângelo, mestre da charanga – um equivalente a mestre de bateria de uma escola de samba – convida a todos os babalorixás e ialorixás da região para endossarem a festa, dando ainda mais amplitude ao significado do termo afoxé: um ritmo afro que significa a fala que faz. “Basta chegar na avenida com a roupa tradicional africana e se juntar a nós”, conclama.
O público confere essa atração na abertura dos desfiles da segunda-feira (3), a partir das 19h30.
Thiago Secco
Fotos: Divulgação
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