Sempre cabe mais um no coração de dona Neuza
Publicada em 09/05/2014 às 19:29Da sacada de onde mora, no Jardim Pacaembu, Neuza das Graças Carrijo Andrade tem uma visão privilegiada do gramado do estádio Dr. Jayme Cintra, que fica a poucos metros dali. É comum buscar o melhor cantinho e se ajeitar para ver os treinos. De quebra, vê também o filho em ação, o lateral direito Brendon, que está de volta ao Paulista após uma temporada no Corinthians de Alagoas. Tia Neuza, como é conhecida, transformou-se na mãe de muitos jogadores.
“Todos eles são como os meus filhos.” E os atletas, sem exceção, têm nela uma mãe, numa relação – ela garante – de respeito e obediência. A casa dela, não raras vezes, funciona como uma extensão do alojamento dos atletas. “Aqui está sempre cheio. Eles vêm para fazer campeonato de vídeo-game, rodadas de cacheta, cozinhar. Mas tem uma regra: mulher não entra! Maria chuteira não tem vez”, categórica, no melhor estilo mama italiana.
A tabelinha com Jundiaí dessa francana de nascimento e, mais precisamente, com o Galo começou há 6 anos, quando acompanhou o filho Brendon na estreia pelo Paulista. “Percebi que muitos pais que chegavam com os filhos por aqui sequer tinham dinheiro para pagar um hotel. Eu alojava todos em casa.” Com isso foi ganhando a simpatia e amizade dos atletas, principalmente da categoria de base.
Com o tempo, muitos deles se profissionalizaram, emplacaram projeção nacional e desbravaram outros países. São os casos dos “filhos” Cleber (Corinthians), Reinaldo (São Paulo), William Rocha (Atlético Paranaense) e Weldinho (em Portugal). Até o carinho pelo Corinthians ficou em Franca. “Eu me apaixonei pelo Paulista. É a minha segunda casa.”
Recuperação
Hoje, além de Brendon, ela divide o lar com o goleiro Ian e com um novo hóspede, o volante Juninho Venturim, recém-chegado da Itália e de passagem pelas bandas do Galo. Articulada e sorridente, tia Neuza garante que, diferentemente dos filhos, nunca teve muita habilidade com os pés, mas tem mão boa para a cozinha, já que sempre vendeu doces para fora.
Ativa e sempre envolvida em trabalhos sociais, tia Neuza está de molho. Ela enfrenta com humor e boas doses de fé uma bola dividida com um cisto no ovário, que chega a pesar 15 quilos. Pode passar o Dia das Mães hospitalizada, já que a cirurgia deve ocorrer neste fim de semana.
“Todo o meu tratamento está sendo feito em caráter particular. Só minha cirurgia vai custar R$ 28 mil. Eu nunca teria essa soma, mas o dinheiro demorou menos de meia hora para cair na minha conta, rateado pelos meus ‘filhos’. Sem contar que eu não tenho mais cozinhado, não lavo mais roupa, enfim, estou distante de todos os afazeres da casa por conta do cisto. Quem tem feito tudo para mim é o Paulista, dos jogadores à coordenadoria, da comissão técnica a todos os funcionários. Quanto custa tudo isso?”, indaga, ao apontar o campo.
Agora, tia Neuza já faz planos para o pós-operatório. Quer colocar os dotes confeiteiros a serviço do Paulista, na operação que ela chama de “retomada do time”. “Quero fazer quermesses e arrecadar dinheiro para ajudar nas finanças do clube, que anda com problemas. Quando eu sair da cama, já avisei: estarei dentro do Paulista.”
Se depender da tia Neuza, o futuro do Galo será de festa, como em dia de goleada.
Thiago Secco
Foto: PMJ
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