Compac vê mudanças na luta pelo patrimônio coletivo
Publicada em 23/02/2015 às 11:22A atual presidente do Conselho Municipal do Patrimônio Artístico e Cultural (Compac), Maria Angélica Ribeiro, avalia que o Projeto de zeladoria e conservação da Ponte Torta trouxe um novo cenário na luta pelo patrimônio coletivo em Jundiaí. Entre esses efeitos, estaria o estímulo para a atualização de regras e incentivos, a fim de que os proprietários particulares valorizassem esse tipo de bens dentro de avanços nas políticas públicas envolvidas com o tema.
“O trabalho com a Ponte Torta tem criado borbulhas de interesse nos mais diversos setores da cidade. E estamos absorvendo esse conceito bonito que é a noção de zeladoria, de cuidar do que é nosso. Para isso, temos que pensar também em um processo mais amplo de educação patrimonial”, afirmou Maria Angélica, que é pedagoga de formação e hoje coordena o Museu da Companhia Paulista.
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A análise, que contou com a presença dos secretários: de Planejamento e Meio Ambiente, Daniela da Camara Sutti; de Cultura, Tércio Marinho; de Gestão de Pessoas, Mary Fornari Marinho; além do Diretor presidente da Escola de Governo e Gestão, Marcelo Lo Mônaco, foi divulgada em evento do projeto Ponta Torta realizado na sexta-feira (20). No mesmo dia, tratou-se também da polêmica em torno de liminar autorizando a demolição do Casarão Rosa.
Desde outubro de 2014, o projeto tem trabalhado o aspecto social de uma forma progressiva nos eixos conceituais de entendimento, pertencimento e empoderamento. Dezenas de depoimentos de moradores foram gravados, mostrando não apenas o lado histórico do monumento como também o lado afetivo. De forma paralela, a Ponte Torta – construída entre 1886 e 1888 – passou a receber um trabalho praticamente artesanal de conservação nos quase 50 mil tijolos.
“Essa visão trazida pelo Estúdio Sarasá, envolvendo tanto especialistas quanto pessoas comuns, deve ser aplicada a novos projetos”, afirmou Daniela da Camara.
Um dos participantes do evento, o arquiteto Araken Martinho, frisou a diferença do tombamento clássico de um imóvel histórico e o processo atual, apontando para a descaracterização da praça Governador Pedro de Toledo diante das janelas do Solar do Barão (a praça virou lugar de fluxo ao invés de encontro) e a atenção dada na primeira visita da equipe técnica à Ponte Torta – que se atentou para o entorno do rio Guapeva e o morro da Esplanada do Monte Castelo.
A análise apresentada mostra que os esforços pela Ponte Torta estão tendo efeitos tanto para quem pretende esclarecer melhor as vantagens da proteção oficial de um imóvel ou setor urbano (a exemplo da isenção de IPTU) quanto para quem toma iniciativas particulares e vê o projeto como sinal de que o poder público também está fazendo sua parte.
“Existem muitos mitos a respeito de mecanismos como o tombamento. A propriedade continua sendo do dono, que pode fazer o que tiver vontade preservando o que estiver protegido. Isso inclui o uso por grandes empresas que entendem o valor agregado de um imóvel assim. Há cidades inteiras na Europa que vivem do patrimônio cultural. Além disso, uma restauração pode ser inteiramente subvencionada por programas federais e estaduais como a Lei Rouanet e o Proac”, afirmou Toninho Sarasá, coordenador do projeto pelo Estúdio Sarasá.
Caminhada e visita a obras
O projeto continua com uma caminhada por roteiro histórico na próxima sexta-feira (27), a partir das 14h, a partir de um ponto de encontro que será divulgado nos próximos dias. E com uma visita técnica aos trabalhos de conservação da Ponte Torta no sábado (28), a partir das 10h. Os moradores interessados devem comparecer ao local, onde serão guiados em grupos de três pessoas a cada vez.
José Arnaldo de Oliveira
Fotos: Paulo Grégio
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