Museu Histórico e Cultural de Jundiaí reúne memória e arte

Publicada em 23/03/2015 às 15:59

O cinquentenário da criação oficial do Museu Histórico e Cultural de Jundiaí traz uma série de três reportagens sobre a origem, acervo, ações educativas e de difusão cultural. Ele completa 50 anos no próximo sábado (28). Nesta segunda matéria, o destaque é o diversificado acervo, Compreendendo-se como equipamentos culturais o Museu Solar do Barão, a Pinacoteca Diógenes Duarte Paes e o Centro de Memória de Jundiaí, além da G9 Galeria de Arte Pública de Jundiaí.

LEIA A 1ª REPORTAGEM DA SÉRIE
Museu Histórico e Cultural comemora 50 anos

De acordo com Creusa Claudino, socióloga e educadora do museu, o acervo da Pinacoteca Diógenes Duarte Paes tem 477 obras, a maioria de caráter bidimensional, de alguns artistas plásticos de renome nacional e de Jundiaí e região.

Sobre a formação do acervo de artes plásticas da Pinacoteca, destaca Creusa, foram diversas as formas de aquisição, por meio de doações de munícipes e artistas, compras, trocas e transferência de outras instituições culturais.

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Parte das obras foi incorporada ao acervo por meio da doação realizada pelo Conselho de Fiscalização Artística do Estado, com as obras premiadas nos Salões Paulistas de Belas Artes da década de 1960, que enriqueceram o acervo do ponto de vista qualitativo, com obras que se consolidariam como referências da melhor produção daquele período, como as esculturas O menino tocando flauta, de Tereza D´Amico, Apolo, de Vivente Di Grado, e Triste, de Sisuko Sakai.

Muitas das obras premiadas nos Salões de Arte Contemporânea de Jundiaí, realizados pela Associação de Artes Plásticas de Jundiaí, entre as décadas de 1970 e 1980, contribuíram para a formação e ampliação significativa do acervo. Entre os artistas premiados destacam-se Cláudio Tozzi, com Dissociação das Cores e Sérgio Romagnolo, com Verde Oliva e Verde Azeitona. A socióloga ressalta que é possível entrar em contato com as pinturas de Inos Corradin, Paisagem; Chrismontez de Brito, Peso Pena e Elvio Santiago, O Vilarejo e os Balões. Também com os desenhos de Cecilia Celandroni, Urbano II e de Valdir Sarubi, Desenho II.

Sobre a ênfase na arte acadêmica, o acervo conta com a obra de um dos principais nomes da geração modernista brasileira, o irreverente Flávio Carvalho, com Mulheres (1972). No cotidiano das ações museológicas, a socióloga e educadora dedica-se à pesquisa, concepção de exposições colaborativas e ação educativa.

Patrimônio
O Museu Histórico e Cultural de Jundiaí é reconhecido com um dos mais importantes museus da região e do Estado de São Paulo
. Nos últimos anos, o MHCJ participa ativamente de encontros, fóruns e congressos na área de museologia e patrimônio, em âmbito regional, nacional e internacional.

Isso contribui assim para a elaboração e implementação da política setorial de museus. Entre as participações na rede de museus do Estado, destacou-se o II Encontro Paulista de Questões Indígenas e Museus, realizado em agosto de 2013, que reuniu museus com coleções de arqueologia e etnografia dos acervos.

Segundo Creusa, o Museu Solar do Barão se caracteriza hoje pelo acervo histórico e museológico diversificado, além do patrimônio arquitetônico e histórico que representa o próprio prédio Solar do Barão e a paisagem natural.

O acervo do Museu Solar do Barão é composto por 8.929 bens culturais de diversas tipologias: histórico, antropológico, arqueológico, etnográfico, paleontológico, imagem e som. “Ele pode ser disponibilizado por meio de pesquisas e exposições, sejam de intra ou extramuros de longa, média ou curta duração, o que possibilita o contato do público com o patrimônio preservado e a revisão da própria história no presente. A visão anterior do museu como instituição educacional deu lugar à ótica de museu como instituição de memória e agente de transformação social”, ressalta a socióloga.

Equipamentos culturais
A Pinacoteca, instalada na rua Barão de Jundiaí, promove exposições de longa e média duração, além de oferecer um programa educativo para o público escolar e a comunidade em geral. O prédio histórico já abrigou uma das escolas mais tradicionais da cidade, a Siqueira de Moraes, e a Biblioteca Pública Municipal Professor Nelson Foot.

Foi criada em 2008 com a finalidade de desenvolver atividades relacionadas às artes visuais, com exposições, workshops e oficinas. Leva o nome do patrono Diógenes Duarte Paes, artista jundiaiense de notável talento com pintura, desenho e literatura. Entre as produções artísticas mais significativas está o conjunto de aquarelas da Série Folclórica, que apresentam cenas do cotidiano ocorridos no interior de ambientes domésticos e públicos, nas quais é possível identificar a preferência do artista pelos personagens humanos, além de retratar valores sociais e culturais de Jundiaí, nas primeiras décadas do século 20.

Pinacoteca:  "O menino tocando flauta", de Tereza D'Amico

Pinacoteca: “O menino tocando flauta”, de Tereza D’Amico

Sistematização
O Centro de Memória de Jundiaí (CMJ) foi criado em dezembro de 2012. Localizado na rua Senador Fonseca, na Praça dos Andradas, atualmente está em processo de mudança de espaço físico e da sistematização do acervo. Alexandre Oliveira, historiador e educador do Museu, chama a atenção para algumas parcerias feitas a partir de janeiro de 2013 para qualificar o processo e que não representam nenhum custo para o Museu Histórico e Cultural.

Como exemplos, ele cita a consultoria prestada ao Centro de Memória de Jundiaí pelo Instituto de Estudos Brasileiros (IEB – USP) e também o projeto de mestrado em Ciência da Informação na Unesp (uma das mais renomadas na área no Brasil), do historiador Jean Camoleze, que tem a ver com a organização do acervo do Centro de Memória.

O acervo do CMJ reúne diferentes tipos de documentos, incluindo os textuais, sonoros, fotográficos, cartográficos, iconográficos, cinematográficos, audiovisuais e multimídia. De acordo com Alexandre, a maioria do acervo é proveniente do poder público municipal e apresenta um caráter fragmentado, pois muita coisa se perdeu ao longo do tempo.

Ele afirma que boa parte do acervo de documentos textuais foi recuperado pelo arquiteto e pesquisador de história, Roberto Franco Bueno, na década de 1960, em um barracão da Prefeitura em péssimas condições. Na época, ele era diretor de obras e encaminhou a documentação para o Museu Histórico e Cultural.

O local é um centro multidisciplinar de pesquisa e documentação sobre a história da cidade. Entre os objetivos do Centro de Memória de Jundiaí está a difusão da informação, possibilitando o acesso à documentação, mediante agendamento das pessoas interessadas em estudar o acervo.

A historiadora Juliana Mota Silveira é uma das responsáveis por esse trabalho e lembra que o interesse de pesquisadores vem aumentando nos últimos anos. Segundo ela, esse crescente interesse refere-se principalmente às pesquisas acadêmicas. O trabalho de higienização e organização do acervo é realizado regularmente. Marco Antonio Almeida Cunha, responsável pelo acervo fotográfico, diz que atualmente são 8 mil fotos digitalizadas. Dessa forma, o Centro de Memória de Jundiaí tem um importante acervo relativo à história da cidade.

Também incluída como um dos espaços do Museu, a Galeria de Arte Pública de Jundiaí G9, que funciona ao ar livre na avenida 9 de Julho, foi criada com o intuito de incorporar novas linguagens artísticas, como o grafite. É composta por painéis, no muro de arrimo de 430 metros lineares que foi preparado, rebocado e pintado para receber as obras.

LEIA MAIS SOBRE A G9 GALERIA DE ARTE PÚBLICA

Desde que foi criada no começo de agosto do ano passado, a Galeria reúne obras escolhidas pela curadoria do artista André Oliveira, grafiteiro conhecido como Estranho. É um espaço aberto, que permite acesso e visibilidade do público em geral, que circula a pé, de carro, ônibus ou bicicleta. A galeria possibilita, portanto, um espaço para a expressão da linguagem do grafite, uma das referências visuais mais importantes para a juventude atual.

A terceira e última reportagem da série sobre os 50 anos do Museu Histórico e Cultural de Jundiaí terá como foco as ações educativas e de difusão cultural.

Galeria tem 20 painéis feitos por artistas de Jundiaí e região

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Assessoria de Imprensa
Fotos: Fotógrafos PJ


Link original: https://jundiai.sp.gov.br/noticias/2015/03/23/com-acervo-ecletico-museu-historico-e-cultural-reune-memoria-e-arte/

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