Câmeras sensíveis vão monitorar a fauna da Serra do Japi
Publicada em 28/04/2015 às 11:05Uma das áreas mais importantes para as ciências ecológicas e de conservação no País, a Serra do Japi vai ganhar um reforço ambiental com o novo Programa de Monitoramento da Fauna Silvestre, em implementação na Reserva Biológica Municipal (Rebio) pela Prefeitura de Jundiaí. A iniciativa tem como base o uso das chamadas “armadilhas fotográficas”, com câmeras acionadas por sensores de movimento.
“Alguns dos focos principais estão na movimentação de onças pintadas e de preguiças, que são espécies de referência, mas o equipamento registra praticamente todos os mamíferos. Na fase de testes vamos usar cinco pontos na Serra do Japi”, afirma secretária de Planejamento e Meio Ambiente, Daniela da Camara Sutti.
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De acordo com o assessor técnico e biólogo Jairo de Cássio Pereira, do Departamento de Meio Ambiente da secretaria, a fase de testes vai permitir a calibração dos equipamentos sobre disposição, distância de quebra de luz, duração de baterias e sensibilidade de captura de imagens em um período de 30 dias.
Entre os casos de referência de armadilhas fotográficas usadas para o serviço estão um estudo de 52 mil imagens feito pela organização Conservation International apontando para a redução da diversidade de mamíferos no mundo pela perda de habitats, as novas descobertas sobre o tatu canastra pantaneiro divulgadas pela National Geographic Brasil e a reabilitação da onça parda chamada de Anhanguera na região da serra pela Associação Mata Ciliar.
Aplicações variadas
A Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente prevê um trabalho diversificado nesse tipo de serviço, que pode variar desde o maior conhecimento sobre hábitos das espécies da serra, a dinâmica da floresta e registros concretos para uso da educação ambiental até o uso em outras áreas do município – como fragmentos ambientais isolados, apoio sobre fauna urbana em laudos técnicos e principalmente indícios de presença de espécies ameaçadas de extinção.
“É um novo mecanismo de apoio ao trabalho ambiental e pode colaborar muito em diversas áreas, que serão visualizadas com o próprio uso cotidiano”, afirma a também bióloga da SMPMA, Luciana Maretti.
No Brasil, a área de domínio do bioma Mata Atlântica tem 20% das 652 espécies de mamíferos como endêmicas no País (a maior diversidade do mundo), mas ao mesmo tempo tem 68,9% do total de espécies ameaçadas de extinção.
Mais de 30 dessas espécies de mamíferos, que desempenham papel fundamental no equilíbrio dos ecossistemas, já foram registradas na área da Serra do Japi. A lista envolve felinos, como jaguatirica e onça; primatas, como saguis e sauás; morcegos praticamente herbívoros; canídeos, como o cachorro-do-mato; carnívoros, como furão ou quati; e herbívoros, como gambá, esquilo-serelepe, preguiça ou ouriço-cacheiro.
Embora sendo uma das menores categorias em termos de espécies, os mamíferos (mastofauna) formam o principal grupo em visibilidade e simbolismo para seres humanos ao lado de aves.
O equipamentoO modelo adotado para o novo serviço de monitoramento é o modelo Trophy Cam HD Trail, da empresa Bushnell, com velocidade de disparador de 0,6 segundo e flash de visão noturna com 32 LEDs no alcance de 18 metros usando um sensor de movimento e gravação da data, hora e fase da lua (os pontos de instalação serão georreferenciados). Usa baterias AA de longa duração e trabalha com cartão de memória SDHC de 32 GB, permitindo milhares de imagens acionadas pelo sensor.
A Prefeitura de Jundiaí reforça com o equipamento o potencial de geração de conhecimento na Serra do Japi, mantido também na parceria criada em 1991 na Base Ecológica com o setor acadêmico, especialmente da Unicamp. O novo sistema deve envolver também a parceria da Divisão Florestal, grupo especializado da Guarda Municipal de Jundiaí na proteção da unidade de conservação municipal e da serra como um todo.
José Arnaldo de Oliveira
Foto: Divulgação/Arquivo
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