‘Cartograffiti’ é tema de oficina do Urbanismo Caminhável
Publicada em 17/07/2015 às 18:41Um numeroso grupo de moradores e técnicos acompanhou nesta sexta-feira (17) a apresentação do tema chamado “cartograffiti” na base-contêiner da praça Governador Pedro de Toledo, no Largo da Matriz. Tendo como convidado o oficineiro Mauro Neri, o evento tratou principalmente da relação entre histórias de bairros e sua expressão visual e teve participação tanto de moradores veteranos do Centro como de jovens interessados em arte de rua.
“As oficinas do projeto tratam dos mais variados assuntos, ligados com a relação entre as pessoas e sua cidade. Na mesma semana temos neste sábado (18) um outro assunto que é a construção coletiva de mobiliário urbano para espaços públicos, com foco na marcenaria”, comentou a secretária Daniela da Camara Sutti.
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A explanação teórica do oficineiro foi a primeira fase desse tema, que no Dia Mundial do Pedestre (em 8 de agosto) vai ter uma parte prática com uma intervenção coletiva em um local do centro histórico, que será selecionado pela equipe do projeto.
De acordo com Mauro Neri, que se desenvolveu a partir da arte das ruas do grafite, do muralismo e até da propaganda, existe um paralelo entre a arte contemporânea (muitas vezes criada apenas para iniciados) e a pichação das ruas (também com linguagem fechada aos iniciados). Na sua opinião, com experiência em projetos desde as periferias paulistanas até museus italianos, isso acontece porque a expressão é reprimida desde os primeiros rabiscos infantis nas paredes ou nos banheiros e é preciso criar diálogos.
“Hoje trabalho com letras legíveis, inspiradas na fonte Arial, e também com essas relações entre comunidade e artistas visuais ”, citou. Uma caminhada pela rua Barão de Jundiaí e seus detalhes foi uma das formas de estimular sugestões entre os participantes.
Ele também citou termos sociológicos, como a responsabilidade de todos sobre os lados externos dos lugares (voltados para o espaço público), a perda de identidade de lugares (transformados em “não lugares”) e até mesmo a disputa pela paisagem, já citada por autores como o geógrafo David Harvey.
Entre os participantes da oficina estiveram moradores da região como Ignezinha do Pandeiro e Roberto Franco Bueno ou interessados em arte como Eduardo “Festa” Ramalho e Tati Vergílio, que sugeriu intervenções futuras com fotos antigas em formato conhecido como lambe-lambe em locais onde foram registradas.
José Arnaldo de Oliveira
Fotos: Paulo Grégio
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