Monitoramento de fauna registra onça-parda ‘ao vivo’ na Serra do Japi
Publicada em 18/10/2016 às 16:26Com seu registro de maior impacto o Programa de Monitoramento de Fauna, da Prefeitura de Jundiaí, confirmou a imagem de uma onça-parda (ou suçuarana) circulando na Reserva Biológica Municipal da Serra do Japi.
É uma espécie (de nome científico Puma concolor) presente em todos os biomas brasileiros mas classificada como vulnerável pelo Ministério do Meio Ambiente.
O programa de monitoramento, implementado pela Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente, utiliza câmeras de infravermelho sem flash (trap), acionadas por sensores de movimento, bastante adotadas em pesquisas científicas.
O trabalho, que já registrou diversas espécies de mamíferos, aves e répteis desde 2015, complementa pesquisas científicas e orienta também ações preventivas no entorno da reserva biológica e da Serra do Japi como um todo.
A confirmação da imagem de 8 de outubro da onça-parda, geralmente registrada somente por pegadas ou mesmo fezes, reforça o debate da conservação ambiental em Jundiaí. “Tivemos anteriormente casos de soltura de onças na região, mas esse exemplar não mostra coleira de rastreamento”, observa o diretor Marcelo Pilon.
Para a pesquisadora Mariana Nagy Baldy dos Reis, que iniciou uma colaboração com o programa e desenvolveu seu doutorado na área reunindo apoio nas principais universidades paulistas (Unicamp, USP e Unesp) e do centro de pesquisa norte-americano USGS, os fatores humanos influem na distribuição de animais silvestres pelas diversas áreas e categorias restritivas de uso na região da Serra do Japi – e do município de Jundiaí como um todo.
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Um de seus principais alertas para a análise de dados nesse campo é a diferença entre ausência/presença, a que o senso comum poderia reduzir o uso desses equipamentos, pelo complemento de detecção/não-detecção que inclui outros fatores, principalmente humanos (os antrópicos, com margem para efeitos naturais) que possam interferir nos resultados mais amplos
Outro ponto que destaca é o escalonamento de indicadores na leitura dos dados. Ela utiliza tabelas bioestatísticas que priorizam a divisão de espécies animais por dieta alimentar entre carnívoros, frugívoros (de solo e de copa), herbívoros (dispersores ou predadores de sementes) e onívoros, contemplando o equilíbrio do ecossistema.
Tudo é feito com referências ponderadas estatisticamente, como a distância da área mais restritiva de uso na região (que é a própria Reserva Biológica) ou fatores de declividade, proximidade de água, presença de estradas de acesso e outros. Dessa forma, o registro da onça-parda na área mais fechada às pessoas confirma essa linha de conhecimento.
Produtos secundários
Além dos dados diretos de fauna como indicadores, o programa também tem gerado outros projetos como o levantamento sanitário de cães e de águas no entorno da reserva biológica e também o reforço nas escolas municipais em bairros próximos sobre a guarda responsável de animais.
O território de gestão da Serra do Japi, previsto na lei 417 (2004), recebeu também um reforço com o controle de verticalização em novos projetos em bairros de seu entorno, definidos como zonas periurbanas do Plano Diretor na lei 8.683/2016, também presentes perto das zonas rurais e de mananciais.
Para a secretária de Planejamento e Meio Ambiente, Daniela da Camara Sutti, os avanços recentes buscam condições para uma cidade sustentável. “A presença desses animais silvestres precisa ser vista como um ponto positivo da cidade, sendo possível desenvolver sem destruir”, afirma.
José Arnaldo de Oliveira
Fotos: Arquivo PMJ
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