Exposição ‘Acrópole’ conecta Jundiaí com arquitetura modernista
Publicada em 13/06/2016 às 16:39Nesta quarta-feira (15), na Pinacoteca Municipal Diógenes Duarte Paes, uma exposição que segue apenas até 8 de julho abre as portas às 19h para apresentar aos jundiaienses partes da coleção da revista Acrópole, que pertenceu ao lendário arquiteto e prefeito Vasco Antonio Venchiarutti, mostrando a influência dessa documentação na arquitetura e no urbanismo da Jundiaí do século XX.
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O evento é resultado do trabalho do especialista Eduardo Carlos Pereira em parceria com a museóloga Maria Paula Pestana Barbosa e teve apoio do Programa Estímulo 2014, da Secretaria de Cultura e da Prefeitura de Jundiaí.
“É um conjunto de documentos que comprova o interesse na informação que esses periódicos traziam, sendo a revista considerada um guia dos arquitetos brasileiros e uma das fontes documentais para referências de construção na cidade”, afirma Eduardo, também autor de “Núcleos Coloniais e Construções Rurais” (2006) sobre a influência da imigração italiana e participante da XII Bienal de São Paulo (1973), além de ex-presidente do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural.
A coleção mantida por Vasco (1920-1980) teve relação direta com sua atuação, que deixou marcas, como o Edifício Carderelli, a Galeria Bochino, a ousadia do Ginásio Municipal de Esportes (Bolão), o Parque Municipal Comendador Antonio Carbonari (o Parque da Uva, em sua versão original), o Viaduto São João Batista (integrado por escadas helicoidais com a Estação Central), a avenida Jundiaí (ainda antes da chegada da rodovia Anhanguera) e muitas outras obras, além dos primeiros passos para o Distrito Industrial e para a proteção da Serra do Japi na década de 1950.
No meio do turbilhão
Um dos aspectos observados é que a revista Acrópole manteve, desde 1932, o diálogo entre Rio e São Paulo, com a presença de todos os intelectuais, sem a ruptura ocorrida em diversos campos das artes. Mas foi no Rio de Janeiro, onde Vasco estudou, que ainda como capital federal ocorreu a construção de um ícone desse tema, na década de 1930, com o prédio do Ministério da Educação e Saúde, atual Palácio da Cultura Gustavo Capanema em homenagem ao seu criador. Além de uma equipe com referências, como Heitor Villa-Lobos, Mário de Andrade, Rodrigo Melo Franco ou Cândido Portinari, o então ministro Capanema trouxe ainda o arquiteto francês Le Corbusier para coordenar a equipe brasileira no projeto do edifício.
Esse movimento modernista ganhou corpo nas décadas de 1940 e especialmente 1950 e 1960. E Vasco foi o único arquiteto jundiaiense formado nesse turbilhão de acontecimentos, sendo na avaliação de Eduardo Carlos Pereira um pioneiro da Jundiaí contemporânea.
A catalogação de exemplares da revista, do período entre 1945 e 1965, exigiu luva, máscara e pinceis por parte de Maria Paula Pestana Barbosa além da pesquisa pelos elementos relacionados com a inserção de Vasco Venchiarutti no contexto da modernidade brasileira no ambiente com nomes como Oscar Niemeyer e seus contemporâneos.
“A proposta é mostrar essa influência, criando uma relação de pertencimento junto à comunidade jundiaiense e destacar aspectos de processos de preservação do nosso patrimônio cultural”, afirma Maria Paula, que tem participação em eventos como o 4º Seminário Iberoamericano de Arquitetura e Documentação (IEDS), em 2015.
Pertencimento
A seleção e digitalização levou em conta as publicações da revista sob o ponto de vista histórico e cultural, permitindo sua inserção em base de dados passível de ser consultada para a localização de textos e imagens por escolas, bibliotecas, associações e profissionais dos mais diversos setores.
“O Vasco não era um mero assinante. Ele era cúmplice, integrante dessas revistas. Sentia-se parte. Pertencia a ele. O conjunto de revistas é um documento para a cidade de como a arquitetura aconteceu com ele e como foi depois dele”, destaca Eduardo.
Protagonista em uma época onde a mancha urbana ainda crescia de forma orgânica a partir da região central (e não com núcleos desordenados), Vasco olhava a cidade de forma conjunta entre os aspectos urbanos, rurais, industriais, culturais e ambientais. Mas ao lado de marcas do modernismo testemunhou ainda em vida a destruição de partes da arquitetura colonial do Centro Histórico.
Por coincidência e contraste, a exposição acontece na Pinacoteca Municipal Diógenes Duarte Paes, instalada em um prédio de 1896 que abrigou o antigo Grupo Escolar Siqueira de Moraes na rua Barão de Jundiaí, 102, na Esplanada Monte Castelo.
Pode ser visitada de terça a sexta-feira, das 9h às 17h, e aos sábados, das 9h às 13h, com entrada franca. Imperdível!
José Arnaldo de Oliveira
Fotos: Acervo Maurício Ferreira e reprodução
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