Congresso aponta desafios de governo, empresas e comunidade
Publicada em 09/06/2015 às 19:34As apresentações do 3º Congresso Técnico Brasil-Alemanha, organizado pela Prefeitura de Jundiaí, mostraram, na tarde desta terça-feira (9), o desafio dos problemas e soluções na área de resíduos sólidos para os setores público e privado, assim como para a sociedade. Um dos destaques foi a exposição de Christiane Pereira, presidente do Centro de Pesquisa, Educação e Aplicação em Resíduos Urbanos (Creed Brasil), ligado à Universidade de Braunschweig.
“Os aterros sanitários ainda geram de 8 a 12% das emissões humanas de gases do efeito estufa. Mas as soluções para o tema dos resíduos sólidos, que formam uma questão hoje global, ainda dependem de mudanças da gestão pública e do mercado, pois geralmente possuem um prazo mais longo em aspectos como o payback”, afirmou Christiane, que apontou também a necessidade de cuidado para soluções improvisadas muitas vezes levadas a municípios sem escala, estudo de mercado ou aplicabilidade.
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Ao apontar a repercussão de eventos do estilo deste congresso como um dos efeitos do andamento da Política Nacional de Resíduos Sólidos, ela reforçou o ponto de vista mostrado também por Flávio de Miranda Ribeiro, da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). Ele apontou que a versão estadual dessa política, bastante focada em logística reversa e rastreabilidade, deve detalhar nas próximas semanas diversos aspectos tributários.
“Existe a necessidade de avançarmos nas regras nacionais desse setor, porque, em certo ponto, pode criar desigualdade em relação a empresas de outros estados ou de produtos importados”, explicou sobre o atual estágio da negociação dessa lei.
Com diversas alternativas tecnológicas presentes ao evento, a tarde contou ainda na programação com palestras sobre casos das cidades brasileiras de Florianópolis e Votuporanga e da cidade alemã de Deutsch Evern, além de análise do mercado nacional para composto orgânico pela MK2R.
Inclusão social
Uma das experiências de participantes com o caso de cooperativismo da Cooperlínia Ambiental, de Paulínia, envolveu, em 2001, a capacitação de seus integrantes com o programa local Armazém da Natureza. Mesmo com mais de uma década e inspirando outras cidades, entretanto, os trabalhos em Jundiaí não ultrapassaram 1% do total de 400 mil quilos coletados a cada dia. Volume que está prestes a ser multiplicado com o uso de novas tecnologias, como a ampliação de esteiras.
“É muito bom vermos esse assunto discutido com a importância que merece”, afirmou a catadora de recicláveis Roseli Gomes de Oliveira, moradora no Jardim do Lago, que aprovou a experiência mostrada pelos alemães e o interesse de dezenas de outras cidades. Trabalhando no ramo há seis anos, ela aponta a falta de consciência ambiental como um dos motivos para a desvalorização da profissão.
Com Iolanda Pereira da Silva, colega de ofício há um ano, também reforçou que o Brasil é um país “riquíssimo” no seu chamado lixo e que o engajamento da sociedade na separação adequada pode integrar arranjos institucionais e novas tecnologias com o trabalho do setor.
Além de reciclados, o debate aponta como subprodutos possíveis de uma nova estrutura relacionada ao tema, o composto orgânico, o biogás e o CDR (combustível derivado de resíduos) mas sempre como receitas extraordinárias aos acordos entre setor público e privado.
José Arnaldo de Oliveira
Fotos: Dorival Pinheiro Filho
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