Urbanismo Caminhável mostra como estudar a vida pública
Publicada em 12/06/2015 às 15:44Os espaços públicos geram uma dinâmica sociocomportamental das pessoas que é possível de ser captada. Essa foi a mensagem da oficina “Como Estudar a Vida Pública”, realizada na tarde de quinta-feira (11) na praça Governador Pedro de Toledo (ou praça da Matriz) pelo projeto Urbanismo Caminhável, da Prefeitura de Jundiaí. De acordo com os organizadores, esse tipo de método permite orientar as intervenções temporárias que podem ser testadas posteriormente, em um planejamento participativo.
Um exemplo desse tipo de observação é a diferença entre o lado da praça voltado para o calçadão da rua Barão de Jundiaí e o lado voltado para o corredor comercial da rua do Rosário. Para os pedestres, o primeiro é bem mais movimentado que o segundo, criando uma preferência dos jovens comerciários descansarem em seus intervalos no lado mais sombreado e calmo da rua do Rosário enquanto os moradores idosos de bairros próximos ao Centro preferirem o lado mais movimentado da rua Barão.
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No aspecto do mobiliário urbano, as críticas são democráticas porque ninguém aprova o desconforto dos bancos de cimento separados em seus três lugares por ressaltos do mesmo material e sem encosto, chamados no jargão corrente das “tecnologias antimendigo”, que acabam prejudicando também o cidadão comum. No calçadão em si, é inexistente qualquer forma de descanso ou convívio.
Também foram observados o uso esporádico das paredes do Solar do Barão e da Catedral Nossa Senhora do Desterro como apoio de costas para paradas em pé de frequentadores da praça. O caso do Solar, por outro lado, também pode ser visto como extensão da mesma em seus jardins no horário de almoço por trabalhadores dessa região da cidade.
As medições com cronômetro mostraram também que a velocidade do pedestre no calçadão ou na calçada comum é bem maior que na travessia interna da praça, com interrupções súbitas ao encontrar amigos, familiares ou pontos de curiosidade.
Além de certos conflitos cotidianos, como entre pregadores de rua e estabelecimentos comerciais no nível de ruído, o movimento na principal das praças centrais da cidade na data do estudo acentua-se no período da manhã e proporciona uma leve queda no período da tarde antes de cair drasticamente no início da noite, com alguns pontos de atração seguindo até depois desse horário.
Fluxos
Nas entrevistas, os fluxos observados foram confirmados pela presença dos ônibus municipais no Terminal Central e nas ruas do lado oposto (como Vigário João José Rodrigues ou Dr. Cavalcanti/Marechal Deodoro), assim como os ônibus intermunicipais na praça Rui Barbosa. E também pelo corredor formado entre o Fórum de Justiça e os eixos comerciais e culturais das ruas Barão e Rosário e a rota pedestre da rua Dr. Torres Neves.
Na própria praça, estabelecimentos que investiram em fachadas com vitrines ativas atraem naturalmente a atenção dos pedestres.
Também observa-se que a praça faz parte de um crescente circuito de ciclistas que diariamente cruzam o local. Todas as constatações ajudam a inspirar intervenções como da oficina de Marcenaria Urbana.
Uma das principais referências para o trabalho é o livro “How to Study Public Life” (Como Estudar a Vida Pública), publicado em 2013 por Jahn Gell e Birgitte Svarre. O autor é o mesmo de “Cidade Para as Pessoas”.
Estudo de trajetos
O projeto, que está sendo implementado no polígono do centro histórico formado entre a Ponte Torta e o Cemitério Nossa Senhora do Desterro, tendo como laterais a avenida Paula Penteado, a rua Zacarias de Goes e a rua Anchieta de um lado e, por outro, a rua Rangel Pestana e a rua Vigário João José Rodrigues, também concluiu na quinta-feira (11) os seus trajetos técnicos que coincidiram com as expedições urbanas com participação de moradores.
Misturando trechos residenciais e mistos, esses trajetos permitiram levantamentos para a metodologia do chamado Índice de Caminhabilidade a ser transformada em um manual técnico para uso posterior em outros bairros de Jundiaí, primeira cidade brasileira a trabalhar na implantação desse método.
Esses mapeamentos de trajetos pontuam questões como as calçadas, a sinalização de lugares, os tipos de travessia de pedestres, a presença de mobiliário urbano, os níveis de ruído e até mesmo a percepção subjetiva de conforto e segurança dos pedestres.
Como no método aplicado na praça, também nesses casos o trabalho participativo é considerado essencial para o enraizamento de uma nova visão para o urbanismo adotado pela comunidade.
Saiba mais sobre esses trajetos realizados em horários matutinos, vespertinos e noturnos
Agenda semanal
O projeto segue com a base no contêiner-oficina da praça até meados de agosto, com atividades técnicas e workshops paralelos que podem ser propostos diretamente por profissionais e coletivos da cidade. A agenda está sendo divulgada pelo e-mail urbanismocaminhavel@jundiai.sp.gov.br.
Também é possível participar da reunião semanal das sextas-feiras, às 14h, no próprio container-oficina da praça da Matriz, que também atende todos os dias. As atividades serão realizadas sempre aos sábados, mas outras extraordinárias também podem ocupar dias da semana.
Uma das referências temporais do projeto é também mobilizar os moradores em torno do Dia Mundial do Pedestre, comemorado em 8 de agosto.
José Arnaldo de Oliveira
Fotos: Fotógrafos PMJ
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