Prefeitura inicia trabalhos do Projeto Nascentes Jundiaí
Publicada em 13/04/2016 às 18:12A Prefeitura iniciou os trabalhos de campo do Projeto Nascentes, com a colaboração da organização The Nature Conservancy (TNC), para o mapeamento final de propriedades rurais que vão poder receber sem custos a recuperação florestal exigida por lei para o entorno de nascentes e riachos. A adesão é voluntária e os custos de plantio vão ser cobertos por empresas e até órgãos governamentais com passivos ambientais em andamento.
Dentro do prazo de 70 dias, o trabalho deve ser finalizado pelo apoio de técnicos da Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Turismo e coordenado pela bióloga Simone Bazarian. Entre 200 propriedades rurais apontadas para o projeto-piloto pela Dae (que entre 2013 e 2015 fez o levantamento de 1,4 mil nascentes de água em todo o município), foram selecionadas 33 delas para oferecer a parceria nessa primeira etapa.
“A ideia é que toda a zona rural, onde estão os mananciais, seja preservada para que não tenhamos problemas daqui a dez ou vinte anos. A cidade passou bem pela crise de 2014-2015, mas precisamos garantir mais qualidade e quantidade de água para o município”, afirmou o prefeito Pedro Bigardi no lançamento do programa no Dia Mundial da Água, em 22 de março.
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Nesta quarta-feira (13), a visita técnica ocorreu no Sítio Santa Isabel, na região da Roseira, uma das propriedades que já estão mapeadas no Cadastro Ambiental Rural (CAR), obrigação federal que em também conta para seu cumprimento com o apoio da Prefeitura.
Mudança de mentalidade
Como a água para os 400 mil habitantes do município e também para suas empresas vem das zonas rurais e de proteção ambiental, o trabalho tem efeitos didáticos para todos os moradores e instituições.
“A produção de água, que depende do bom estado de nascentes e riachos, é somente um dos serviços ambientais prestados por essas áreas ao lado do clima, da paisagem, da biodiversidade e dos alimentos”, destaca a secretária, Valéria Silveira de Oliveira.
Esses aspectos estão citados, entre outros instrumentos, no futuro programa de prestação de serviços ambientais (PSA) incluído no projeto do novo Plano Diretor Participativo.
Mas as questões do trabalho de campo são mais cotidianas. O produtor João Fontebasso, por exemplo, lembra que seus ancestrais chegaram à região da Roseira em 1913 e, três anos depois, estavam produzindo uvas do tipo Isabel (a Niagara Rosada, que tornou Jundiaí conhecida nacionalmente como Terra da Uva, surgiria somente na década de 30). As uvas eram embaladas em cestos feitos com bambu no próprio local e levadas de carroça por quilômetros até a estação de trem para serem vendidas no Mercado da Cantareira, na capital.
“Hoje estamos voltados para a produção orgânica como milho e caqui, além de um talião recente de ameixa. O córrego que passa por aqui vem do alagado da divisa com Jarinu e Itatiba, havendo ainda muitas nascentes na região. Faltava mais apoio aos produtores da cidade”, afirma ele, que há quase trinta anos vende seus produtos na Feira de Orgânicos do Parque da Água Branca, também na capital.
O diretor Gilberto Bardi, também do setor de agricultura, aponta a cobertura de custos de replantio como um bônus adicional aos esforços de valorização que recentemente teve o Programa Municipal de Subsídio do Seguro Agrícola, entre outros.
Para a bióloga Simone Bazarian, a atenção imediata está voltada para o cadastro e mapeamento das propriedades dentro do prazo de 70 dias. Além de observar as normas federais como o Código Florestal sobre áreas de mata ciliar de córregos e de entorno de fontes naturais, busca conciliar isso com as atividades dos proprietários. Um exemplo é a proximidade de soluções como bebedouros para animais que evitem o pisoteio do solo ao lado das nascentes ou córregos, por exemplo, com tradições locais antigas como as “vascas”, apelido de origem italiana para pontos de lavar roupa nos sítios.
Contexto global
O trabalho em andamento em Jundiaí é um projeto-piloto local e também global da Coalisão Cidades Pela Água, que a TNC, uma das maiores organizações ambientalistas do mundo, está desenvolvendo na bacia dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (uma das áreas com maior estresse hídrico do país) em parceria inicialmente com grandes empresas como Ambev e Coca Cola Brasil. O objetivo de grande alcance é ampliar a disponibilidade de água para mais de 60 milhões de brasileiros em 12 regiões metropolitanas e, ainda, reduzir os riscos para os moradores e empresas sobre esse elemento fundamental para a vida.
Também participando da recepção da visita técnica, a parceira do sítio Nereide chama a atenção para dicas como a troca dos carboidratos matinais comuns pelo inhame ou batata-doce, assim como a valorização dos alimentos do campo e de seus produtores. “A vida rural não é fácil, mas é única nesse contato com a natureza. Se pudermos mantê-la para as novas gerações será essencial”, afirma.
José Arnaldo de Oliveira
Fotos: Fotógrafos PMJ
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