Oficina destaca reocupação de espaço público por comunidade
Publicada em 29/06/2015 às 19:10A retomada dos espaços públicos pelos moradores foi o tema das oficinas trazidas a Jundiaí pelo projeto Urbanismo Caminhável, da Prefeitura de Jundiaí, na sexta-feira (26) e no sábado (27), com o coletivo Wiki Praça, existente em diversos centros urbanos e conhecido pelo trabalho desenvolvido no Largo do Arouche, em São Paulo. As atividades ressaltaram o diálogo como enfrentamento dos problemas atuais das cidades, assim como a superação das dificuldades de convívio entre grupos diferentes ou a ignorância sobre os valores coletivos distintos.
Uma das frases curiosas que o projeto ajudou a disseminar na capital paulista foi: “Você prédio eu acho tédio, você praça eu acho graça.” Uma bem humorada ironia sobre a reação de grupos de moradores de diversas regiões sobre a importância dessa retomada.
No debate de sexta, no auditório do Solar do Barão (no Largo da Matriz), surgiram alguns temas com nomes curiosos como “gentrificação” e “condominialização”. O primeiro pode ser resumido como a forma que as melhorias em uma área das cidades leva a especulação imobiliária a expulsar os moradores mais pobres pelo aumento no preço de aluguéis, de imóveis e de serviços. O segundo trata dos muros físicos ou sociais que isolam as pessoas não apenas em áreas de moradias mas também nos circuitos cotidianos de casa ao trabalho, estudo ou lazer, nos círculos de opinião política, religiosa, futebolística, de modo de vida e outros cada vez mais isolados.
Para esses dois fenômenos principais, o debate apontou a necessidade do diálogo e, portanto, do estímulo ao convívio da diversidade nos espaços públicos. Esse objetivo envolve o desafio da construção do respeito entre todos e a identificação de propostas e soluções viáveis.
Cartografia afetiva
No sábado (27), a oficina matinal com o coletivo Wiki Praça ocorreu no contêiner-base do projeto Urbanismo Caminhável, na praça Governador Pedro de Toledo (também no Largo da Matriz). O tema foi a inserção de elementos em um software usado pelo coletivo chamado de cartografia afetiva, nesse caso voltado para o centro histórico de Jundiaí, no conceito de que as cidades são também espaços emocionais.
Os eixos propostos para esse processo de mapeamento e diálogo, que podem ser ampliados, são diversidade, sentidos, natureza, propostas, desejos, memórias e histórias ou arte e cultura.
Cada um deles é ampliado dentro do dia a dia. No eixo da diversidade, por exemplo, entram moradores (antigos, novos, famílias), amor (crianças, idosos, moradores e em um ramal separado os cachorros), esculturas e marcos nas praças ou estabelecimentos, visitantes (turistas, consumidores, situação de rua, ambulantes, policiais, guardas, prostitutas, travestis, estudantes, engraxates, religiosos, comerciantes, bancários, agentes culturais), e um eixo conceitual (aceitação, liberdade, igualdade, resistência).
Assim também ocorre nos demais. No eixo dos sentidos entram os cheiros (agradáveis ou desagradáveis), os sabores (de comidas, lanches, petiscos, bebidas, sucos), os carros, os gritos, os diversos tipos de música (móvel, localizada, gravada, ao vivo, samba, sertanejo, rock, MPB, orquestra, eletrônico, comercial, tradicional).
De acordo com os organizadores, o processo da cartografia afetiva pode revelar muitas camadas de pontos de vista, no caso sobre o centro histórico de Jundiaí e, dentro desse contexto, também podem surgir conflitos de interpretação individual ou de grupos e esse é o principal ponto de uso do diálogo como mecanismo de avanço para a comunidade.
A versão inicial da cartografia afetiva será disponibilizada nos próximos dias.
Paraciclos e bicicletas
No próximo sábado (4), das 10h às 12h, uma nova oficina será na base-contêiner do projeto no Largo da Matriz. Desta vez, sobre que critérios cada pessoa usaria para escolher um ponto de estacionamento de bicicletas e em quais locais sente falta de um local como esse, chamado de “paraciclo”. Quem participar ajudará a escolher novos locais de instalação desses paraciclos em Jundiaí.
José Arnaldo de Oliveira
Foto: Reprodução
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