Jundiaí une futuro, caminhabilidade, patrimônio e ambiente
Publicada em 20/05/2016 às 17:36O uso técnico da participação da comunidade na gestão pública é um dos eixos principais que unem projetos atuais em Jundiaí, como as Ações de Conservação e Zeladoria da Ponte Torta, o Urbanismo Caminhável e o Plano Diretor Participativo. Esse método adotado em projetos da Prefeitura foi abordado pela secretária de Planejamento e Meio Ambiente, Daniela da Camara Sutti, em participação no programa Jundiaí Entrevista da TVE Jundiaí.
Ela lembrou que, nascida na cidade, formou-se em arquitetura pela Escola de Belas Artes, em São Paulo, e atuou com um escritório próprio até licenciar-se do mesmo para exercer, a partir de 2013, a gestão pública em convite do prefeito Pedro Bigardi. “Existe uma ligação entre as duas coisas. Em projetos particulares você precisa entrar na vida da família para entender aspirações e hábitos para fazer, de uma casa, um lar. Essa é uma célula do urbanismo, que precisa ser pensado em escala de milhares de pessoas”, observa.
Dessa maneira ocorreu o resgate da memória social da Ponte Torta, ao lado de seus trabalhos de restauro. “Se não for o maior projeto recente, é o mais especial para nós. Buscamos como fazer esse trabalho de maneira humanizada e deu certo. A Ponte Torta hoje está ressignificada, passou a fazer novamente parte da vida de muita gente. Esse é o conceito de zeladoria, conseguir passar a história de pai para filho, fazer realmente uma ponte entre gerações”, afirmou.
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Ela lembra também que, com o Escadão e o Parque do Guapeva (na segunda fase), vai surgir um circuito acessível relacionado com outras ações de reabilitação do centro histórico da cidade já iniciadas, como o Centro das Artes, ou em preparação.
Um dos principais estudos que orientam essas intervenções, que gradualmente pretendem resgatar a chamada “caminhabilidade” não apenas no Centro como também nos bairros de Jundiaí em geral, é o Urbanismo Caminhável. O projeto-piloto foi implantado no ano passado.
“Temos um corpo técnico muito qualificado. E esse projeto, que foi o primeiro no Brasil trazido para cidades médias, ainda tem capacidade de desenvolver uma metodologia desse tipo. Hoje, se observarmos por exemplo cidades da Europa a caminhabilidade não é um assunto novo. Mas em nosso país ainda está começando”, explica.
O projeto, de acordo com Daniela, foi um teste para colocar na agenda de debates da cidade essa questão. Dentro do âmbito de planejamento urbano, isso envolve assuntos como sair de sua casa e ir a uma padaria em dez minutos de caminhada e voltar. Ou poder integrar trechos da ida ao trabalho pela manhã, em outro exemplo, unindo trechos caminháveis a trechos de transporte público.
“A caminhabilidade também traz uma série de benefícios. Cidades caminháveis são mais vivas, portanto a segurança pública é melhor com as ruas cheias de gente. Você tem a redução de gás carbônico e portanto uma cidade mais equilibrada com relação ao meio ambiente. Então para ter condições de caminhabilidade você precisa observar se essas rotas tem sombra, o que envolve a arborização urbana, e precisa de pontos que te acolham como bancos, áreas de descanso… Enfim, traz uma cidade mais acolhedora para as pessoas. Você consome mais no comércio local. E precisa também observar níveis de ruído, que muito elevados afastam as condições de saúde para o pedestre”, observa, lembrando a importância de trazer o conceito inovador de protótipos de testes participativos para a gestão pública.
A mudança da lógica do poder público como um ente que deve fazer tudo é valorizada na abordagem porque também é fundamental ter uma população que cuida, que zela, que se preocupa com sua cidade. A novidade, divulga, é a breve publicação de um decreto municipal com orientação a particulares que pretendam instalar “parklets” (mini-praças que ocupam duas vagas de carros na via pública).
Sobre o Plano Diretor Participativo, explicou que apesar de ser a segunda lei mais importante da cidade (atrás apenas da Lei Orgânica do Município) e dar conta do desenvolvimento territorial por dez anos sempre foi restrita a especialistas e técnicos. “Não é fácil mesmo. É uma exigência nacional para todas as cidades acima de 50 mil habitantes, orientada pelo Estatuto das Cidades, de 2001. E definir onde posso verticalizar, ter mais prédios, onde tenho que conservar porque tem uma questão por exemplo de produção agrícola, onde não posso adensar porque por exemplo tenho os mananciais de água senão fico sem água na cidade… Como funciona a mobilidade da cidade, as áreas de uso comercial e industrial, os eixos de desenvolvimento. E toda a questão ambiental da cidade, você poder preservar áreas desse tipo. E verticalizar onde tem infraestrutura, que é uma coisa lógica a fazer”, comenta.
Apesar de ser uma discussão dura e complexa, mas restrita a especialistas, a orientação do prefeito Pedro Bigardi foi de que pudessem ser inseridas as pessoas nessa discussão. “Tivemos muita confusão com os problemas cotidianos, do mato no terreno do vizinho e outras coisas. Mas acabamos evoluindo no entendimento de que o Plano Diretor é ver a base ambiental de nosso território e a partir daí ver, no horizonte de dez anos, como a cidade vai corrigir alguns rumos, potencializar algumas verticalizações e empreendimentos e vai até frear algumas ações em curso pela legislação vigente como estamos fazendo na correção para evitar perdermos a qualidade de vida e até mesmo o abastecimento hídrico da nossa cidade”, afirma.
O desafio de fazer a população entender que não se pode fazer novos bairros urbanos na área de mananciais ou na zona rural, em bases públicas e transparentes, foi o debate feito ao longo do processo de dois anos e meio do Plano Diretor Participativo e que resultou no projeto de lei que chega à Câmara Municipal com elevado índice de consensos.
“E isso considerando todos os interesses que há no mercado, porque o dono de terra tem interesse, o corretor tem interesse, quem quer produzir água tem interesse, o poder público tem que organizar tudo isso e o morador quer qualidade de vida. Para equacionar tudo isso, só pode ser colocando todo mundo junto para discutir, com nível de conhecimento que dê para ser colocado todos juntos e faça isso de forma pública e transparente, em um processo bastante democrático”, explicou.
A entrevista também incluiu trabalhos na área ambiental, como a recuperação da Coordenadoria de Bem Estar Animal (que prepara ampla campanha educativa na cidade). Outros temas relacionados, como o levantamento intersetorial organizado para o Município Verde e Azul, ficaram para uma próxima oportunidade.
José Arnaldo de oliveira
Foto: Dorival Pinheiro Filho
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