Carreta da Ponte Torta estreia com pesquisas e depoimentos
Publicada em 21/11/2014 às 18:32Uma boa presença de moradores marcou a chegada da carreta itinerante do projeto Ações de Conservação e Zeladoria da Ponte Torta, implementada pela Prefeitura de Jundiaí com os serviços do Estúdio Sarasá, nesta sexta-feira (21), ao lado da própria Ponte Torta. Entre diversas atividades sobre produção de tijolos, influências da imigração italiana e até mesmo uma degustação de polenta, surgiram temas sobre a origem da ponte, a luta contra sua demolição ou seu uso para passeios, namoros e caminhos.
“A atividade desta semana ao lado do próprio monumento traz uma intensidade especial ao trabalho”, comentou a secretária de Planejamento e Meio Ambiente, Daniela da Camara Sutti, sobre a agenda das próximas semanas para a carreta itinerante.
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Um dos depoimentos foi de Miguel Pelliciari, engenheiro de estruturas que atuava na Prefeitura de Jundiaí no final da década de 1970 e fez os estudos que mostraram não ser a Ponte Torta a causadora de enchentes no Vianelo, mas a ponte da rua Vigário J.J. Rodrigues que precisava ser rebaixada. “Fizemos o apoio de concreto para a base do monumento, que ficou mais longe da margem, e nos perguntamos até hoje como na década de 1880 fizeram aquele alicerce de tijolos tão profundo”, contou.
Na época, os rios que contornavam as colinas históricas do Centro (Jundiaí, Guapeva e do Mato) tiveram suas margens transformadas em um anel viário que, ali, aterrou a antiga várzea, onde hoje é o Vianelo. “Havia diversos campos ali. Eu mesmo joguei com o Dalmo Gaspar e com o Aramis Polli no São Cristóvão, no Vasquinho…”, lembrou o músico Décio Pradella.
O arquiteto Eduardo Carlos Pereira, autor do livro “Núcleos Coloniais e Construções Rurais”, expôs sua pesquisa feita em Jundiaí com orientação de Pietro Maria Bardi e apontou detalhes da produção de tijolos, assinados com iniciais de famílias, e como a cidade tem perdido maciçamente suas pequenas casas. “Apesar de muitas vezes menosprezadas, usam o conceito da máxima funcionalidade no mínimo espaço. É preciso ajustarmos nossas políticas patrimoniais”, comentou, lembrando que paredes de taipa de pilão anteriores ao século 19 praticamente foram extintas a não ser em alguns poucos imóveis no Centro.
O advogado Adhemar J. Fernandes levou uma pesquisa sobre a Companhia Ferro Carril Jundiaiense que levanta as polêmicas do século 19 entre a empresa de bondes e os políticos locais, como o homenageado pela avenida Dr. Cavalcanti, logo ao lado, e o morador Leonello Vicente admitiu que tem dúvidas sobre o uso para bondes mas considera essencial a cidade cuidar de seu patrimônio. E o estudante Gustavo Reia levou um estudo sobre o impacto da canalização do rio Guapeva, desenvolvido no curso de engenharia ambiental na PUC Campinas.
Entre a relação com a cidade pelo acesso inteligente a pedestres, cavalos e ciclistas pela rua Torta e a relação com o meio ambiente pelas águas que chegam desde a Serra do Japi, o projeto atrai interessados como Júlio Cunegundes, do curso de arquitetura da Unip. “Entender como funciona um projeto de conservação é fascinante. Passei a pesquisar, até minha família tinha dúvidas sobre o motivo dessa ponte. Umas amigas da minha avó contaram de passeios com namorados nela, vai sendo outro contexto”, comentou, dizendo que pessoalmente lembrava apenas da feira livre que funcionou ao lado da Ponte Torta.
A tarde do projeto terminou com chuva e porções de polenta da chef Juliana Caldeira, que comentou sobre a relação entre cultura e sabores.
Agenda
A carreta itinerante vai estar na sexta-feira (28) na praça da esquina das avenidas Nove de Julho com Luiz Latorre; na sexta-feira (5), na área externa do Complexo Fepasa; no sábado (13), no estacionamento da Unip; e, na sexta-feira (19), no Complexo Argos, ao lado da Biblioteca. Sempre com oficinas das 14h às 17h e atividades especiais para grupos e estudantes a partir das 10h, que podem ser agendadas em dcolagrossi@jundiai.sp.gov.br ou pelos telefones 4589-8556/4589-8557.
José Arnaldo de Oliveira
Fotos: Dorival Pinheiro Filho
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